Padre Cícero pode vir a ser considerado santo pelo Vaticano. O anúncio da abertura do processo de beatificação do “Patriarca do Nordeste” aconteceu no sábado, na Diocese da cidade cearense de Crato, onde o padre nasceu, em 1844. Na cerimônia, o bispo de Crato, Dom Magnus Henrique, comentou sobre a resposta do papa Francisco.
O desejo de santificação do Padre Cícero por seus devotos é antigo; o processo pelo reconhecimento das ações pastorais do religioso começou em 2001, pela Diocese de Crato. Dom Magnus comentou um trecho da carta, entregue pessoalmente por ele ao Papa, em maio deste ano, que pede pela beatificação.
Padre Cícero, que chegou a ser excomungado pela igreja católica em 1891, acusado de ser responsável por fanatismo religioso, disse uma vez “A Igreja que hoje me persegue, amanhã tomará a minha defesa”. Agora, a profecia está em vias de ser cumprida.
A vida política de Padre Cícero
Proibido de celebrar Missas, Padre Cícero entrou na vida política atender aos apelos dos amigos, quando Juazeiro começou a lutar por emancipação política, o que ocorreu em 22 de julho de 1911. Padre Cícero foi nomeado Prefeito do novo município. Além de Prefeito, também foi nomeado Vice-Governador do Ceará, mas nunca ocupou o cargo.
Padre Cícero encontrou-se com Lampião em 1926. Os bandidos, ajoelhados, teriam escutado padre tentar convencer seu líder de largar o cangaço logo após voltasse da campanha contra Prestes. Mandou-se então chamar o único funcionário federal disponível na cidade, o agrônomo Pedro de Albuquerque Uchoa, para redigir um documento que, supostamente, garantiria salvo-conduto ao bando pelos sertões.
O papel, como Lampião viria a descobrir tão logo saiu da cidade, não tinha qualquer valor legal, o que não o impediu de assinar, daí por diante, “Capitão Vírgulino”, um título que não existia. Ciente da desfeita, o cangaceiro não se preocupou mais em dar combate à Coluna Prestes.
Fonte: Agência Nacional