O Grupo Jaime Câmara, a maior rede de comunicação de Goiás e um dos 20 principais do país, passa por um momento de indefinição quanto ao seu futuro. Hoje, o GJC é ancorado por dois veículos ultraconvencionais, a TV Anhanguera, que retransmite a programação da Rede Globo, e o jornal O Popular, o mais conhecido do Estado.
Ocorre que o mundo mudou. A Rede Globo perde audiência continuamente, fenômeno que se agravou neste início de ano, quando o Jornal Nacional – seu programa de maior apelo – caiu para uma faixa de irrisórios 20 pontos no Ibope e a última novela lançada, Babilônia, também não passa desse patamar, apesar das suas características de superprodução.
Como agravante, é em Goiás que a Rede Globo, através da TV Anhanguera, registra os seus piores índices de audiência dentre todos os Estados brasileiros.
Além da decadência da Rede Globo, outro fantasma ronda o GJC: no máximo em 10 anos, o modelo atual da TV Anhanguera estará esgotado: a televisão tanto aberta como fechada, tal como é concebida hoje, será (e já começou a ser) substituída pela TV via internet, em que cada pessoa faz a sua programação e assiste quando quiser, inclusive se livrando dos anúncios e de qualquer tipo de publicidade – tal como, hoje, já acontece quanto aos filmes e séries do Netflix, sem comerciais e sem a obrigação de seguir horários, pagando apenas R$ 20 por mês.
Quanto ao jornal O Popular, a queda nas receitas publicitárias é visível nas suas edições diárias, onde os maiores espaços são ocupados pelos anúncios do próprio GJC – claro, sem retorno financeiro. Como fonte de notícias, o desinteresse pelos jornais impressos, em todo o mundo, também é uma situação irreversível. Em uma realidade onde os fatos acontecidos agora já estão envelhecidos daqui a meia hora, imagine só a publicação de notícias sobejamente batidas e repisadas pela internet apenas 24 horas depois? Ninguém aguenta e O Popular paga o preço da queda na circulação e no faturamento.
Excessivamente conservador, o Grupo Jaime Câmara, ao contrário de outros conglomerados de comunicação do país, nunca se modernizou e preferiu se aferrar aos seus veículos de padrão tradicional e cada vez mais superados. A sua presença na internet apenas reproduz com monotonia, sem criatividade ou novas propostas, o que a TV Anhanguera ou O Popular publicam no dia a dia, sem uma linguagem própria para o ambiente on line. Não é exagero afirmar: nos últimos anos, o único sinal de modernidade no “império” da Serrinha foi a atualização do nome da Organização Jaime Câmara para Grupo Jaime Câmara. Nada mais.
Na verdade, o que se pode dizer é o seguinte: nas comunicações, o futuro chegou, mas o GJC, que nem sequer alcançou as exigências do presente, prefere continuar no passado. Não dá mais.