O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), deu ordens ao seu secretário de Saúde, João Batista Sousa, para que apresente até o dia 10 de abril (sexta-feira) a proposta para um novo modelo de gestão de hospitais para o DF. Em visita a Goiânia nesta quarta-feira, João Batista afirmou que o Distrito Federal deve adotar um sistema muito parecido ao que o governador Marconi Perillo (PSDB) criou em Goiás.
Acompanhado do médico sanitarista Armando Faggio e de servidores do GDF, Batista conheceu o Conecta-SUS (sala de situação que funciona na Secretaria de Saúde), o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), o Hospital Geral de Goiânia (HGG) e o Centro de Reabilitação Dr. Henrique Santillo (Crer). Essas três unidades são geridas pelo Estado em parceria com Organizações Sociais (OSS), sendo que o Crer foi a primeira a funcionar enquadrada neste novo modelo, em 2002.
A princípio, segundo o secretário, o GDF deve implantar a gestão por OSS em dois hospitais do estado e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), mas a ideia é estender a proposta para todas as unidades de Saúde. “Será um desafio enorme”, afirma João Batista, “que vai exigir longos debates com a sociedade, com servidores, sindicatos, Câmara Legislativa e, notadamente, com o Ministério Público. Mas estamos dispostos a enfrentar o desafio, e o governador certamente estará à frente dele”.
Antes de visitar os hospitais, João Batista reuniu-se com o secretário de Saúde de Goiás, Leonardo Vilela, e técnicos do governo Marconi. Mostrou-se interessado em saber como Marconi enfrentou as críticas e venceu a resistência ao novo modelo – que ele diz ser parecida com a que começa a aparecer no Distrito Federal. “Existia uma guerra velada contra a gestão dos hospitais por OSS e muitos argumentos contrários. Desmanchamos todos, um a um”, lembra o procurador Alerte de Jesus. “Hoje há o entendimento generalizado de que a Saúde funciona bem em Goiás, seja na imprensa, no Ministério Público, no Judiciário ou na sociedade de modo geral”, completa Leonardo Vilela.
A visita ao Hugo, HGG e Crer tomou quase o dia todo dos técnicos do DF e arrancou, do secretário, frases que mostraram que ele ficou impressionado com o que viu. No Hugo, por exemplo, João Batista disse: “Muito bom, gostei muito. Igual a esse só tem um em Brasília. E olha que lá são 15”. O HGG ele classificou como uma unidade de atendimento “igual ou melhor do que os hospitais privados” e, no Crer, depois de passar pelo Centro Cirúrgico, ele brincou dizendo que havia até dado vontade de operar lá dentro.
João Batista acertou com Leonardo Vilela um calendário de visitas de servidores do GDF a Goiás nos próximos dias para absorver a expertise do governo Marconi em gestão de hospitais compartilhada com OSS. Nesta quinta-feira, ele próprio se encontrará com o governador em um evento do qual os dois participarão no município de Valparaíso, que fica na região do Entorno de Brasilia.
Na opinião do secretário, está provado que a administração direta, sozinha, é incapaz de levar a termo uma boa gestão em Saúde pública. “Temos 34 mil funcionários e um orçamento muito grande, mas para dar conta de todos os serviços eu teria de contratar outros nove mil. Se eu contratá-los, estouro a Lei de Reponsabilidade Fiscal (LRF). Não dá, é um sistema que não funciona mais”, afirma João Batista.