O Goiás 24 Horas recebeu nota oficial da senadora Lúcia Vânia, do PSDB, com esclarecimentos a respeito do seu voto favorável, no Senado, ao projeto da presidente Dilma Rousseff que mudou as regras do seguro-desemprego e do abono salarial. Veja o que a senadora diz:
“A respeito de nota veiculada neste site, esclareço que não fui a única senadora do PSDB que votou a favor da MP 664. Outros dois colegas de partido também votaram pelo ajuste fiscal. Encaminho a justificativa para o meu voto:
A SRª LÚCIA VÂNIA (Bloco Oposição/PSDB – GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, as más notícias na área econômica parece que não têm fim. Quando se começa a pensar que pior não pode ficar, novos dados mostram que as coisas continuam a piorar. Sinais positivos, quando notados – sobretudo no campo das decisões administrativas e públicas –, são logo apagados por atitudes oportunistas, quando não submersos pela maré que continuamente alimenta o pessimismo.
Com estas palavras o jornalista Jorge Okubaro abre seu artigo intitulado “O mal que não tem fim”, no jornal O Estado de São Paulo de ontem.
Em outro artigo, desta feita de Almir Pazzianotto, o autor diz:
A artificiosa euforia em torno das condições sociais e econômicas se espalhou e o povo de classe A à classe D, de empresários a beneficiários do Bolsa Família, convenceu-se de que foi vítima de grotesca manipulação.
O sucateamento do parque industrial, responsável pela ascensão do Brasil à posição de destaque entre as principais economias mundiais, acarreta irrecuperável retrocesso na história do desenvolvimento.
Quantas empresas encerraram suas atividades?! Quantas reduziram drasticamente o número de empregados?! Qual é a real situação do desemprego?! Como se encontra o parque automotivo, em determinado momento um dos mais importantes do mundo?! O que aconteceu com os setores sucroalcooleiro, calçadista, de confecções, de tecelagem, de autopeças?! Como anda a construção civil, parâmetro do mercado de trabalho?!
O mal parece não terminar.
E as más notícias continuam. As manchetes se multiplicam: “Ajuste fiscal deixa as cidades desocupadas”; “Queda das vendas leva a Zona Franca de Manaus a cortar 15 mil vagas, com a retração de vendas de aparelhos de televisão e de motos no 1º bimestre do ano”; “Montadoras têm 17 mil funcionários em férias e em lay-off’”; “A Embraer produzirá o Phenom nos Estados Unidos”; vendas de imóveis residenciais em março recuaram 27,4%.
Diante desse panorama sombrio que leva milhares de pais de família a retornarem alarmados para casa, após assistirem à demissão de centenas de companheiros, nós nos perguntamos: o que fazer? Continuar ouvindo o Governo dizer que levou milhares de jovens às universidades através do Fies?
A oposição e as ruas, indignadas, bradam: o Fies cresceu de forma desordenada. Algumas escolas sem escrúpulos aumentaram as mensalidades e fizeram caixa com o Fies. Todo mundo que pediu conseguiu o Fies, o que acabou redundando nesse desastre.
O Governo ufanista diz que sua gestão criou um grande volume de empregos com carteira assinada, ao mesmo tempo em que o seguro-desemprego aumentava desordenadamente.
A oposição e as ruas bradam pela gestão temerária, que não soube acompanhar e fiscalizar.
O Governo parece que quer provocar – se é que está em condições de provocar. Diz que nunca antes neste País as pessoas puderam viajar tanto, realizar o sonho da casa própria, ter crédito consignado. Orgulhosamente se gaba de ter retirado milhares de brasileiros da pobreza, surgindo, assim, uma nova classe média no Brasil.
Mas a Oposição e as ruas, enfurecidas, bradam: isso é estelionato, não tem sustentabilidade. E o povo brasileiro vê esvaírem-se todas as conquistas, como um castelo de areia.
O Congresso, atônito e perplexo, é chamado a corrigir a gestão temerária, a ajustar os benefícios previdenciários e trabalhistas de forma que eles caibam dentro do Orçamento.
O que fazer? Continuar expressando a indignação das ruas, daqueles que tampam os ouvidos, que não aceitam a contemporização ou tirar o Brasil da hipoteca? Esse dilema nos consome há vários dias.
É preciso fazer alguma coisa! Deixar sangrar o Governo não diminui a aflição e a incerteza do futuro. Ver o povo brasileiro sangrando por falta de atitudes e de lideranças é desesperador.
Negar a responsabilidade fiscal, maior legado que Fernando Henrique deixou ao País, é rasgar um capítulo dos mais importantes da nossa história. É deixar de demonstrar que austeridade fiscal levou o povo brasileiro a ser respeitado no mundo e deu a esse mesmo povo o direito de sonhar com um País sério, com um País sem inflação.
Isso, sim, Sr. Presidente, é proteger os mais pobres e dar tranquilidade ao povo brasileiro em relação ao futuro.
Não voto pelo Governo, não voto pela oposição; voto o ajuste flexibilizado pela Câmara. Parafraseando Samuel Pessoa: “Não vou hipotecar o futuro deste País”.
Muito obrigada, Sr. Presidente”.
[vejatambem artigos=” 46261,45390… “]