A cúpula da TV Anhanguera deveria ler as ponderações duras, porém corretas do escritor Luiz de Aquino a respeito do arremedo de jornalismo que é praticado na emissora.
Além da bronca pelos concursos de música sertaneja, que bestializam a audiência, Aquino também critica a severa dificuldade que os jovens repórteres e apresentadores têm para transmitir as notícias em frente as câmeras. “Se proibirem o uso aleatório da micropalavra ‘aí’, os repórteres e âncoras de lá não conseguem se expressar. Sem falar no uso indevido do plural de margem, coisa generalizada tanto nas emissoras de tevê e rádio quanto na mídia escrita. Hoje, excepcionalmente, uma repórter da TV Globo disse, com as letras necessárias, que a montadora em greve e São José dos Campos ‘fica à margem da Via Dutra’. Até estranhei, siô! Os televisivos e radiofônicos teimam em afirmar que alguma coisa fica sempre ‘às margens’ – até mesmo Aruanã, que é cidade goiana, foi ampliada para a margem esquerda, quero dizer, virou cidade de dois estados, já que está (segundo Lilian Linch) ‘às marges do Araguaia'”.
“Resumindo”, continua o escritor, “não basta mandar essa moçada (e rapaziada, já que agora temos que nos referir aos dois gêneros, mas podemos omitir as lésbicas e os viados) de volta para a escola. Eles deviam, sim, aprender novamente a falar, pois já notamos que jamais aprenderão a escrever”.