Constrangedor: esta é a melhor palavra para definir o silêncio da imprensa de Goiás no momento em que surgem suspeitas graves de corrupção envolvendo gigantes do ramo da construção no Estado.
Se não fossem o Jornal Opção e o blog 24 Horas, respaldados pelo caráter democrático das redes sociais, os goianienses jamais saberiam das fraudes que foram realizadas na prefeitura entre os anos de 2007 e 2010 e que agora estão vindo à tona na CEI das Pastinhas – uma Comissão criada para apurar a suspeita de que o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB) atropelou o Plano Diretor para autorizar o andamento de mais de 300 obras na cidade.
Os jornais O Popular, Diário da Manhã e O Hoje fingiram-se de mortos, por exemplo, quando arquitetos da extinta Secretaria de Planejamento admitiram que recebiam dinheiro de construtoras por supostos “serviços prestados” dias antes de analisar e aprovar projetos destas mesmas empresas.
A TV Anhanguera preferiu mostrar o seu concurso de música sertaneja em vez de informar que o proprietário da EuroAmérica garantiu ter protocolado um projeto de 12 páginas para o residencial Europark na prefeitura, mas que seis delas sumiram do dia para noite.
A TV Serra Dourada, pelo visto, considerou normal o fato de dois arquitetos da prefeitura (Adriano Theodoro Dias Vreeswijk e Jonas Henrique Guimarães) terem viajado para Nova York, nos Estados Unidos, acompanhados do dono de uma construtora (Europark) cujo projeto tramitava na Seplam.
A TV Record não compreendeu o quanto é grave o fato de o dono da construtora Teccril ter protocolado um pedido na prefeitura sem os devidos estudos técnicos, apresentando-os somente depois que o alvará já havia sido concedido.
A imprensa de Goiás não entendeu a gravidade do que está acontecendo. Ou então entendeu e está de fazendo de boba.
Até quando?