Nas edições do último domingo, segunda e desta terça, O Popular chama a atenção para um detalhe que evidencia as dificuldades vividas pelos jornais impressos em todo o mundo: apenas um anúncio pago é publicado, por conta das Casas Bahia. Mas cerca de 20 outros também são estampados, só que anunciando “produtos” do próprio Grupo Jaime Câmara – o que significa que são gratuitos e não rendem um único centavo em termos de faturamento para O Popular.
Anúncios que promovem a própria empresa são conhecidos, na gíria do jornalismo em papel, como “calhaus” e destinam-se a preencher os espaços vazios que aparecem nas edições. Em três dias, O Popular esbalda-se na divulgação do Rally EcoGoiás, oferece facas de churrasco para quem comprar uma assinatura, vende livros de autoajuda com desconto para os leitores, comunica os eventos da Agenda Goiás, promove a revista Ludovica, a rádio CBN e os noticiosos da TV Anhanguera.
Dinheiro, aí, talvez só no caso do anúncio da série de debates Agenda Goiás, que tem o Governo do Estado como um dos patrocinadores.
Curiosamente, em um anúncio gigantesco, que ocupa duas páginas – gratuitamente –, O Popular informa sem querer aos seus leitores os motivos da queda de interesse do público e dos anunciantes pelos jornais impressos: uma peça publicitária onde se diz que “antes você lia jornal todo dia, agora você lê jornal o dia todo”, a pretexto de informar que a audiência dos sites online de notícias está subindo em todo o mundo. Isto é: em vez de papel, “você” prefere se atualizar e se informar através da internet e dá adeus aos impressos.