Nenhuma outra Comissão Especial de Inquérito (CEI) instalada na Câmara de Vereadores de Goiânia galvanizou tanto a atenção do meio político e da imprensa quanto a CEI das Pastinhas, criada para apurar denúncias de irregularidade na concessão de alvarás para grandes empreendimentos imobiliários na Capital.
Ainda na fase inicial, a CEI das Pastinhas já se demonstrou explosiva. Os depoimentos de servidores da Secretaria Municipal de Planejamento demonstraram que havia ordens superiores para que os prazos fossem ignorados e os critérios técnicos para autorização de empreendimentos, ignorados.
Alguns donos de construtora, que também depuseram, confirmaram a completa desordem que reina em uma administração viciada em criar dificuldades para vender facilidades, como disse o próprio líder do prefeito na Câmara, vereador Carlos Soares (PT).
O passo seguinte será ouvir os donos de construtoras que teriam sido beneficiados pelo esquema. Tem peixe graúdo na lista, como Ilézio Inácio Ferreira, Lourival Louza Júnior, Malkon Merzian e Luiz Antônio Ludovico. Mas o auge da Comissão – ninguém duvida disso – será quando aparecer para depor o ex-prefeito Iris Rezende (PMDB).
Iris terá de explicar a quizumba que acontecia sob o seu nariz, na Seplam. Será que ele sabia que os arquitetos da prefeitura eram (ou melhor, são) constantemente contratados por construtoras para acelerar a tramitação de processos na administração pública, o que se configura tráfico de influência?
Será que Iris, pré-candidato a prefeito de Goiânia mais uma vez, vai dizer que não sabia de nada e jogar a culpa pelas irregularidades no colo do então secretário de Planejamento, o hoje deputado estadual Francisco Júnior?
Estes ingredientes são explosivos. O leitor não tenha dúvida: esta CEI ainda vai dar o que falar.