terça-feira , 5 novembro 2024
Goiás

Caiado leva números falsos sobre a Celg ao Fórum Empresarial e ainda diz que está “prestando um grande serviço a Goiás”. Alguns empresários, como Helenir Queiroz, acreditaram

Em reunião com o Fórum Empresarial de Goiás, que é formado por dirigentes de entidades estaduais de representação empresarial, o senador Ronaldo Caiado repetiu a sua lenga-lenga contra a privatização da Celg e apresentou um elenco de números e fatos falsos sobre a operação.

Segundo release divulgado no site particular de Caiado, alguns dos membros do Fórum Empresarial, como a presidente da Acieg, Helenir Queiroz, da Acieg, acreditaram no senador e deixaram o encontro manifestação “preocupação” com a transferência da companhia para o setor privado.

Veja o que Caiado disse e porque os números e fatos que ele apresentou são falsos:

1 – “Não houve clareza de informações durante as negociações que resultaram na federalização da Celg”, disse Caiado.

INCORRETO – A imprensa acompanhou todo o processo, com centenas de matérias divulgadas, dentro e fora do Estado. Além disso, tanto o Ministério Público Federal, quanto o Estadual foram informados de todos os passos das negociações, com juntada de farta documentação.
2 -De acordo com Caiado “a PGE calcula que o passivo que Goiás terá de assumir por conta da venda da Celg é de R$ 3 a R$ 5 bilhões”.

INCORRETO – Não há nenhum cálculo feito pela PGE nesse sentido. E os dados disponibilizados pela CelgPar indicam um resultado favorável ao Estado (ativo contencioso maior que passivo contencioso). O valor de R$ 3 a 5 bilhões citado pelo senador não tem lastro contábil, que registra, a esse título, uma provisão bemk menor, de R$ 550 milhões. Já pelo lado do ativo, a expectativa do Estado é receber no mínimo R$ 2,8 bilhões.
3 – O senador garantiu aos líderes empresariais que “o Estado assumiu uma dívida com a CEF de R$ 3 bilhões, como parte do acerto para que a Eletrobras assumisse a Celg”.

INCORRETO – Houve, na realidade, uma troca de dívida muito vantajosa para o Estado de Goiás. O Estado devia à Celg, com registro no Tesouro, R$ 2,157 bilhões a um custo de IGPM + 12% ao ano, TJLP. Tomou 3,527 bilhões de Reais, a um custo de TJLP + 0,8% ao ano. Com esse recurso, liquidou a dívida. Sobraram R$ 1,37 bilhões, que foram aportados na Celg, dos quais R$ 1,278 bilhões voltaram para o Estado via pagamento de ICMS. Em síntese, a dívida nova foi de apenas R$ 92 milhões, muito longe dos R$ 2 bilhões apregoados por Caiado.
4 – Disse Caiado que “há pouco tempo tínhamos uma negociação em que Goiás perderia apenas 5% do controle acionário da empresa”.

INCORRETO – Essa é de doer. Trata-se da famosa negociação que teria sido feita no governo Alcides-Jorcelino Braga, mas não há um único documento que comprove essa afirmação de Caiado. Ao contrário: a verdade é que a Eletrobras, pelo modelo Alcides-Braga, assumiria o controle sem nenhum risco societário. Teria todas as Diretorias, menos a Presidência, e o domínio pleno do Conselho de Administração. Não assumiria nenhum risco. Na negociação com o governo Marconi, 51% das dívidas passaram para a Eletrobras. Foi um acordo muito mais vantajoso.
5 – O senador ainda afirmou que “a Eletrobras ficará com R$ 5 bilhões da venda da Celg” e perguntou:” Goiás vai receber R$ 4 bilhões e ainda pagar o passivo?”.

INCORRETO – O Estado, se o valor de venda chegar ao esperado, confirmado, ou seja, R$ 10 bilhões, receberá R$ 5 bilhões (a venda é “meio a meio”) e não terá nenhum prejuízo, como já demonstrado.

6 – Por fim, Caiado emendou que “o desenvolvimento do Estado será afetado com a venda da Celg. “Como iremos cobrar de uma empresa privada que se preocupe com a questão social? Nas regiões em desenvolvimento, onde o investimento não vai chegar, Goiás será movido a geradores”.

INCORRETO – E também é de doer que um senador da República recorra a um argumento rasteiro e incompatível com as características do mundo moderno. Goiás “movido” a geradores só se for no tempo da República Velha, quando o caiadismo mandava e desmandava no Estado. E empresas privadas são mais eficientes que as públicas em qualquer setor de atividade, já se sabe e não se discute. Ao contrário do que ocorre hoje, quando, de fato, há carência de oferta de energia elétrica em muitas regiões, com a Celg privatizada os investimentos voltarão e todo o Estado será atendido com eficiência.

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