Catalão, a cidade goiana que até agora era sinônimo de imunidade a qualquer crise ou situação de dificuldade econômica, mudou definitivamente: em crise, a Mitsubishi demitiu 400 metalúrgicos e deve colocar mais gente no olho da rua. O clima na cidade é de desespero, segundo registra, neste sábado, o jornal O Popular.
Trata-se de mais uma manifestação da recessão que se abateu sobre a economia brasileira, derrubando as vendas de veículos em mais de 20% – comenta-se que, no caso da Mitsubishi, a queda seria superior a 50%.
Além da difícil conjuntura nacional, a Mitsubishi de Catalão – que, na verdade, não é a montadora japonesa, mas uma espécie de franquia da marca, explorada pela MMC Motors – enfrenta dificuldades com o seu envolvimento em um escândalo milionário de sonegação de impostos, através da compra de pareceres em um conselho de recursos do Ministério da Fazenda, o Carf. A fraude, calculada em mais de R$ 500 milhões, está sendo apurada pela Operação Zelotes, da Polícia Federal, e por uma CPI no Congresso Nacional, que já quebrou os sigilos de todo o alto comando da empresa, inclusive o seu dono – o golfista Eduardo Souza Ramos.
Além da Operação Zelotes, a Mitsubishi de Catalão passou a ser investigada também em um novo escândalo: a compra, por R$ 36 milhões, de uma medida provisória editada pelo então presidente Lula, em 2009, prorrogando incentivos de mais de R$ 1 bilhão para as montadoras instaladas em regiões como o Centro-Oeste. A CAOA, franqueada da Hyundai em Anápolis, também está enrolada no caso.