A entrevista do advogado Leon Deniz ao Diário da Manhã, nesta quarta-feira, permite duas conclusões: uma, que ele, candidato a conselheiro federal,se considera mais importante que o próprio cabeça da chapa que integra, liderada por Lúcio Flávio Paiva; outra, que as três derrotas sofridas na tentativa de chegar à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás deixaram Leon Deniz como “um pote até aqui de mágoa” – aqui, o verso de Chico Buarque cabe como uma luva.
Em vez de defender ideias e propostas capazes de embasar a campanha de Lúcio Flávio, o que Leon Deniz faz é o que popularmente se chama de “tirar defunto da cova”. Ele gasta a maior parte do generoso espaço concedido a ele pelo DM para lembrar conflitos que teve no passado com o grupo OAB Forte, alguns ocorridos há mais de 10 anos. A entrevista, nesse sentido, é apenas um desabafo pessoal e nada acrescenta aos debates eleitorais da atual campanha na Ordem.
Leon Deniz assume uma posição curiosa: condena as supostas ligações de membros do grupo OAB Forte com o governador Marconi Perillo, mas, ao fazer isso, senta-se no próprio rabo: ele se filiou ao PMDB, assumiu cargo no diretório estadual do partido (presidente da Comissão de Ética) e militou apaixonadamente na campanha de Iris Rezende em 2014, também derrotada. As manifestações de Leon Deniz a favor de Iris multiplicam-se no histórico dos seus dois perfis no Facebook, em que ele, inclusive, defende as pesquisas manipuladas pelo PMDB que apontavam –falsamente, é óbvio – a vitória do velho cacique peemedebista. Estrategicamente, ele não toca nessa chaga purulenta ao longo da sua entrevista.
No final, em uma declaração que ele deve ter imaginado épica, mas que acabou meramente melodramática, Leon Deniz anuncia aos quatro ventos: “Não me curvarei à tirania, não me acovardarei”. É um exagero. Ou melhor: é ridículo. O grupo OAB Forte só dirigiu a OAB-GO por mais de 20 porque… venceu democraticamente as eleições e, portanto, representou a maioria dos advogados goianos. Só isso e nada mais.