A Secretaria Estadual da Fazenda assumiu o papel de administradora dos recursos humanos do Estado, com um discurso duro em relação ao funcionalismo, conforme se vê nesta terça-feira na nota principal da coluna Giro, em O Popular, que se refere a medidas que a própria pasta considera “constrangedoras” para os servidores – como “cortes de ponto, abertura de processos administrativos disciplinares e punições e exonerações”.
Interlocutores da titular da Sefaz, Ana Carla Abrão Costa, garantem que ela acredita que um aperto no funcionalismo pode resultar em uma redução expressiva da despesa do governo do Estado com a folha de pagamento – daí ela ter assumido o papel de gestora do ponto e de fiscal do expediente dos servidores.
Um detalhe importante: em Goiás, nenhum arrocho sobre o funcionalismo jamais gerou qualquer resultado. O motivo é simples: em sua maioria esmagadora, ou seja, em 99,9%, os servidores cumprem suas obrigações. Esse número foi apurado pela própria Sefaz, que monitorou dois meses de ponto e descobriu que, em um universo de 100 mil servidores, apenas pouco mais de 100 passaram o período sem registrar a frequência. O que encarece a folha são os supersalários, que proliferam impunemente no Executivo, Judiciário, Legislativo e Ministério Público.
No seu período de poder, o PMDB culpava o funcionalismo pelas mazelas do Estado, não pagava em dia e menosprezava a sua contribuição para a qualidade dos serviços públicos em Goiás. O governador Marconi Perillo, que assumiu em 1998 e está no quarto mandato, inverteu essa política: passou a pagar em dia, valorizou a participação do funcionalismo na busca dos objetivos do Estado e criou planos de incentivo salarial – que nunca existiram antes.
Esse legado, agora, está sob ameaça.