Os argumentos dos “ocupantes” de 9 escolas estaduais, em um suposto “movimento” contra a adoção do modelo de gestão através das organizações sociais e também contra os colégios militares, são ridículos e expõem a pobreza mental dos sindicalistas, militantes partidários, universitários e ativistas profissionais de fora do Estado que estão envolvidos no “protesto”.
No site Portal Raízes, o jornalista de O Popular, Cleomar Almeida, publicou uma entrevista feita anonimamente – acredite, leitor, o entrevistado não é identificado – com um dos membros do “movimento”, que é apresentado apenas como “a coordenação”.
Cleomar Almeida perguntou sobre os motivos da “ocupação”. Veja a resposta que “a coordenação” deu:
“São vários. Dentre eles que um aluno matriculado numa escola vinculada à uma OS perde direito à cota de reserva de vagas, que reserva 50% das vagas para alunos de escolas públicas. Isto pode ser conferido nas cláusulas das cotas de qualquer edital de Institutos e Universidades Federais. A terceirização abre as portas para cobrança de mensalidades, apesar dos discursos da gestão governamental garantirem que isso não ocorrerá. Numa escola militar, o aluno tem de adquirir uniforme e fardamento, além da mensalidade e outros custos. Isso a torna inviável para a população mais carente, onde alunos têm até mesmo duas únicas refeições nas escolas. Nos C.E.P.I.s, por exemplo, os alunos têm três refeições durante o dia, gratuitamente. Com lanche pago, a proposta da escola pública se perde infamemente. Defendemos que a terceirização não é a forma de garantir uma escola Pública, Laica e de qualidade. Nós, alunos, professores e demais membros da comunidade escolar, que convivemos com a realidade atual da educação, NÃO apoiamos a terceirização, em nossa maioria. Por que então o Estado, que deveria ser o representante legítimo do povo, vai nos impor essa medida? E contra a nossa vontade? Isso me parece ditatorial e não democrático”.
A resposta traz uma coleção de asneiras. Primeiro, nenhum aluno de escola gerida por OS perderá a condição de cotista nas universidades federais, mesmo porque as escolas serão apenas administradas pelas OSs e continuarão… públicas.
Segundo, o ensino continuará gratuito e universal. É se comportar como vidente dizer que as OSs abrirão as portas para a cobrança de mensalidades. Constitucionalmente, o Estado está vedado de cobrar para proporcionar educação aos cidadãos.
Terceiro, basta consultar qualquer família que tem filhos em escolas militares, onde o ensino é reconhecidamente superior às demais unidades da rede estadual, para ver que elas apoiam integralmente as regras de disciplina, o modelo de ensino e concordam plenamente em pagar pelos uniformes.
Quarto, a merenda escolar continuará como é hoje, isto é, gratuita.
E, finalmente, quinto: quem garante que a maioria dos estudantes e de suas famílias é contra as organizações sociais, um modelo que ainda não foi testado no país na área da educação, mas que tem rendido resultados espetaculares, no por exemplo, na gestão dos hospitais estaduais?
A “ocupação”, como se vê, é tudo, menos inteligente. É um movimento obscurantista e retrógrado de alguns poucos radicais, que arrogantemente se arvoram em falar por toda uma comunidade de mais de 650 mil alunos e suas famílias.