O vencedor troféu Vergonha Alheia da última semana é o jornalista Leandro Rezende, comentarista de economia da CBN Goiânia. Leandro atreveu-se a destrinchar um assunto que desconhecia e desandou a falar bobagem para os ouvintes. Resultado: quem entendia pouco sobre a venda da Celg passou a entender menos ainda (ouça aqui).
O primeiro erro de Leandro Rezende foi dizer que o momento é ruim para a venda da companhia. Errado: a alta do dólar criou ambiente mais do que propício para realização do leilão. Outro aspecto que Leandro ignora: a crise não atinge setores da economia que vivem do comércio de artigos básicos. Esta lição não é nossa, mas do homem mais rico do mundo, Warren Buffett, que concentra os seus investimentos em empresas que vendem produtos de limpeza, alimentos e… energia. Por mais que a crise consuma o poder aquisitivo das pessoas, família alguma deixará de gastar parte do seu orçamento em energia.
O mercado sabe disso. A prova é que oito empresas já demonstraram interesse em adquirir a Celg, segundo reportagem publicada na última sexta-feira pelo jornal O Globo. Entre elas a chinesa State Grid, a italiana Enel, a Equatorial, a Energisa, a CPFL, Copel e outra estrangeira que não teve o nome revelado. Lição básica da economia para Leandro Rezende: quando há grande número de compradores, o preço do produto (no caso, a Celg) sobe. Ele pode ter certeza de que a companhia será vendida por um valor muito acima do inicial, de R$ 1,43 bilhão.
Outro erro é dizer que o governo terá de usar todo o dinheiro da venda da companhia para pagar dívidas que assumiu. Não é verdade. Importante dizer que o Estado pegará o dinheiro à vista. Já a dívida será parcelada a juros baixos. Ou seja: os recursos poderão ser usados para novos investimentos. Não escoarão pelo ralo, como Leandro faz crer. A secretária da Fazenda, Ana Carla Abrão, já se encontrou com jornalistas para explicar que o negócio é bom – e porque o é. Possivelmente, Leandro faltou à entrevista.
Importante estudar o assunto antes de falar bobagem no rádio, caro jornalista. Desinformar ouvintes não é o que se espera de um bom comentarista.