Confira reportagem publicada pelo jornal diário O Hoje:
Um mês e treze dias após o desembargador Carlos Escher ter determinado a volta imediata do Ganha Tempo, quem precisa andar em mais de um ônibus em um curto prazo continua sendo obrigado a pagar uma nova tarifa ou mesmo a dirigir-se aos terminais de integração, se quiser economizar o valor da passagem – de R$ 3,70.
Iniciado em de 2013, o programa permitia a integração em até três ônibus pagando uma tarifa única em um período de 2h30. Escher derrubou a liminar que suspendia o benefício até o julgamento do mérito da ação proposta pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo do Estado de Goiás (SET).
O magistrado acolheu a alegação do advogado Bruno Pena, que argumentou a não apresentação de provas, por parte das empresas, do desequilíbrio financeiro que justificou a suspensão do serviço. Pena impetrou o mandado de segurança coletivo para reverter decisão liminar do juiz Jeronymo Pedro Villas Boas, que suspendeu o programa no início de 2014.
“Os empresários entraram com embargos de declaração para paralisar o cumprimento da determinação de restabelecer o Ganha Tempo. Até agora o Poder Judiciário não estipulou multa pela desobediência da decisão. Enquanto isso, a população amarga mais de dois anos sem o serviço”, critica o jurista.
Pena ironiza a alegação de falta de recursos financeiros por parte dos rodoviaristas. “Os donos das empresas de ônibus dizem estar em crise ao defenderem a paralisação do programa, mas ao mesmo tempo são defendidos por um dos escritórios de advocacia mais caros da cidade. Estranho, não?”
Nas ruas, a insatisfação é a mesma. “O preço da passagem é alto demais, e se ele (Ganha Tempo) estivesse funcionando, eu poderia economizar um dinheiro e usá-lo com outras necessidades”, lamenta a operadora de telemarketing Queren Carmo, 30. Para a estudante Jaqueline Araújo, 23, o programa evitaria a necessidade de passar por dois terminais. “Além de um gasto a menos, me pouparia um enorme tempo”.
Histórico
Lançado em 10 de junho de 2013, o Ganha Tempo prometia agilizar as viagens de quem utiliza o ônibus, desafogando a demanda dos terminais de integração da Grande Goiânia. No entanto, acabou sendo considerada uma medida para atenuar o desgaste do aumento da tarifa do transporte coletivo à época – de R$ 2,70 para R$ 3.
Com a repercussão dos protestos da chamada “Jornadas de Junho”, iniciada uma semana após o lançamento, e os impactos políticos e sociais das manifestações em todo o País, o reajuste foi cancelado em comum acordo entre o governador de Goiás Marconi Perillo (PSDB) e o prefeito da capital Paulo Garcia (PT).
O programa funcionou até o dia 10 de janeiro de 2014, quando Villas Boas determinou sua suspensão, ao acatar o argumento do SET de que a manutenção da integração temporal acarretava prejuízos financeiros às empresas.