O fato que movimentou o período pré-eleitoral em Goiânia foi o fortalecimento dos candidatos ligados à Segurança e a corrida dos outros que não eram para achar um vice oriundo da Polícia Civil ou Militar. Pois bem: a pesquisa Ibope/TV Anhanguera divulgada nesta terça-feira mostra que todos erraram feio na leitura do cenário. A principal preocupação do goianiense não é Segurança, mas saúde municipal.
De acordo com a pesquisa, para 43% da população a saúde é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo prefeito. Segurança vem logo atrás, com quase a metade dos pontos percentuais (23%). Fica a pergunta: qual candidato preocupou-se em montar uma plataforma de propostas convincente na Saúde para convencer o eleitorado da Capital? Praticamente nenhum.
Ouve-se Francisco Júnior (PSD) propôr a adaptação do modelo de gestão por Organizações Sociais (OS), que deu bastante certo nos hospitais públicos do Estado. Ouve-se também Vanderlan Cardoso (PSB) dizer que discorda das OS, mas apontar como solução o investimento do Programa de Saúde da Família (PSF). Fora isso, mais nada. Não há vida inteligente no debate sobre a rede municipal de Saúde em Goiânia.
Muito tempo se perdeu buscando vices ligados à Segurança. A impressão que há é a de que não se trata de uma eleição para prefeito, mas sim para delegado de polícia. Francisco buscou um vice da PM, Iris Rezende (PMDB) também. Adriana Accorsi e Waldir são delegados da Polícia Civil. Em contrapartida, não há um profissional ligado à saúde sequer nas chapas inscritas na disputa. Não que isso seja determinante, mas mostra como todos se deixaram levar pela histeria coletiva.
Quem sabe a partir de agora, com este banho de água fria, a eleição deixe de ter esse ar policialesco que, convenhamos, incomoda. Passou da hora de reconhecer que segurança não é o principal problema da cidade, e mesmo se fosse, é bom ressaltar que a repressão ao crime é atribuição do governo do Estado. E não da prefeitura.
Quem sabe a pesquisa Ibope confira mais seriedade ao debate entre candidatos.