Surpreende a desidratação do candidato delegado Waldir (PR) nas pesquisas de intenção de voto para prefeito de Goiânia? À jornalista Cileide Alves, não. Em análise publicada no site Diário de Goiás, Cileide afirma que a queda de Waldir é o resultado natural da sucessão de erros que ele tem cometido desde o período pré-eleitoral.
Veja o que diz Cileide:
A queda acentuada do delegado Waldir é surpresa apenas para ele, que diz duvidar das pesquisas eleitorais, porque confia em sua relação com o eleitorado nas ruas, onde é “muito bem tratado”. O delegado acredita fortemente que a eleição majoritária é igual à proporcional. Assim, como ele ganhou a eleição para deputado federal com uma votação expressiva (foi o deputado federal mais votado da história de Goiás até o momento), fazendo corpo a corpo nas ruas e um forte trabalho no Facebook, o mesmo aconteceria na campanha para prefeito.
Esse foi seu primeiro erro de avaliação político-eleitoral. Eleição proporcional é muito diferente da majoritária. Na primeira o candidato pode fazer campanha sozinho, sem grupos de apoio. A majoritária é diferente. O candidato precisa de uma rede de apoio, de lideranças políticas que massifiquem seu nome nas ruas e de alianças partidárias para ter um bom tempo no horário eleitoral gratuito.
O delegado não conseguiu formar uma coligação forte e dispensou apoios, outro grande erro. Faz campanha solitariamente, dispensando os candidatos a vereador e até mesmo sua candidata a vice-prefeito, a ex-vereadora Rose Cruvinel. Até o momento, Rose apareceu apenas em cenas da propaganda eleitoral na TV, como se fosse uma eleitora qualquer. O delegado é a única liderança política com voz em seu programa.
O candidato do PR também erra por acreditar que seu sucesso no Facebook vai se transformar em votos. Seus 645 mil seguidores na rede social não são seus eleitores naturais. E por motivos variados, inclusive porque ele tornou-se uma celebridade por seu estilo pitoresco de fazer política e de se comunicar com o eleitor e isso atrai seguidores, nem sempre eleitores.
A julgar pelas pesquisas, nas quais o delegado não acredita, ele não conquistou a confiança do eleitor. Antes do início do horário eleitoral gratuito ele registrou seu maior índice de intenções de voto, mas foi perdendo à medida que se tornou mais conhecido. Na primeira pesquisa Serpes, em junho, tinha 22,4% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Iris Rezende.
Em 26 de agosto, quando começou o horário eleitoral gratuito, ele estava com 19,3%. Caiu para 16% depois de uma semana de propaganda no rádio e na TV e agora, para 12,1%. O delegado faz propostas sem lastros com a realidade financeira do município (como a construção de três hospitais em Goiânia) e termina seu programa com o mesmo bordão: “Pode confiar”. Pelo visto, o eleitor não confia mais, pois já perdeu as contas de quantas vezes confiou e foi traído por promessas não cumpridas.