As construtoras e a especulação imobiliária consumiram 52,7% da cobertura vegetal de Goiânia, de acordo com levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioambientais (Iesa) da Universidade Federal de Goiás (UFG), divulgado nesta segunda-feira pelo jornal O Popular.
Além do desmatamento da zona rural, a perda de árvores coincide com a criação de quase 300 novos bairros nos anos 1990 e 2000. Os especialistas ouvidos pelo O Popular são categóricos ao afirmar que a responsabilidade pelo desmatamento é da prefeitura da Capital, que fez vista grossa às investidas do poder econômico sobre as áreas verdes da cidade.
João Batista de Deus, professor do Iesa, afirma que o município falhou nas últimas décadas porque não criou mecanismos para obrigar donos de áreas vazias entre bairros a construir, fato que resultou no espaçamento da malha urbana. Ele avalia que a proposta esbarra nos interesses dos especuladores imobiliários. “não é uma coisa simples, é uma pressão muito grande”.
A professora Martha Nascimento, da Escola de Engenharia Ambiental da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), contesta o argumento da prefeitura de que há compensação ambiental para o avanço das construtoras. Ela diz que a compensação não é verdadeiramente eficiente porque “se descola uma função ecológica do local de origem”. Ou seja: não adianta transferir a vegetação de um lugar para o outro pensando que o problema está resolvido.