O experimentado comentarista político Afonso Lopes escreve, no Jornal Opção, sobre a má qualidade ética e a fraqueza técnica do secretariado montado pelo prefeito Iris Rezende.
“O PMDB irista tem uma gravíssima falha de composição de lideranças, e se torna dependente de poucas opções de escolha”, diz Afonso Lopes. Ao longo dos anos, na medida em que ia envelhecendo pessoal e politicamente, Iris foi se afastando da sociedade e passou a levar uma vida reclusa no seu apartamento e se dedicando a longos períodos nas suas fazendas. Há mais de 10, 15 anos que o velho cacique peemedebista só coloca os pés nas ruas e em ambientes sociais quando é candidato a algum cargo.
Isso teve dois efeitos: por um lado , afastou Iris dos novos quadros que, mesmo sem muita força, apareceram no PMDB; por outro, o isolou de tal forma que ele, ao perder o contato com os segmentos mais dinâmicos da sociedade, enclausurado na suas propriedades e cercado apenas pela família, deixou de se aproximar e de conhecer o que o processo natural de renovação social, política e cultural trouxe para Goiás.
Mas, ainda que fechado entre quatro paredes, Iris seguiu lendo jornais e revistas e assistindo televisão. Embora não sendo suficiente, foi assim, por exemplo, que ele tomou conhecimento da existência da única novidade trazida para o seu secretário, a médica e cientista Fátima Mrué, da qual teve notícias através de uma reportagem na revista Veja e a partir de então passou a considerar como uma alternativa para a área de saúde em um hipotético governo, qualquer, dos muitos que disputa periodicamente – e calhou de ser na prefeitura de Goiânia.
Iris, fora de eleições, é um misantropo há anos e anos. Em um mundo em transformação acelerada, isso o levou a perder o contato com o mundo moderno. É daí que vem a situação vexatória em que ele está mergulhado no Paço Municipal, acusado de ser lento e de não compreender a Goiânia que ele ganhou para governar..