É sabido e notório que os postulantes ao governo de Goiás, pelo menos os que representam grandes partidos, tradicionalmente buscam se orientar política e estrategicamente com base em pesquisas qualitativas, aquelas que não fornecem números ou índices, mas sim apontam tendências e pensamentos coletivos fluindo na sociedade.
Há um problema grave aí: nunca, como agora, as pesquisas qualitativas elaboradas por institutos goianos e até nacionais parecem tão fora da realidade, exprimindo nada mais que a visão retrógrada dos seus formuladores e de quem as encomenda.
Os políticos, quando vão atrás das qualitativas, têm fixação pela apuração da reação do eleitorado aos seus nomes e aos dos adversários. E quem produz as pesquisas trata de agradá-los, mirando nesse tipo de informação e esquecendo-se de aprofundar a investigação sobre a visão de mundo da população e seus diversos segmentos.
Por exemplo: talvez nem fosse necessário realizar pesquisas para confirmar que a rejeição ou até mesmo o nojo da sociedade diante dos políticos já evoluiu para uma situação é que os próprios governos são vistos como “inimigos” – a exemplo do que descobriu a Fundação Perseu Abramo, do PT, com a sua já famosa e recente qualitativa na periferia de São Paulo, (a pesquisa”Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo”), concluindo que as classes populares (maioria do eleitorado) hoje se identificam com valores liberais, sobrevalorizando meritocracia e mercado, em detrimento de um Estado que não entrega serviços.
Ou seja: tudo o que é identificado com o Estado é negativo. E aqui em Goiás, será que as “classes populares” pensam diferente?