A deputada estadual Adriana Accorsi (PT) subiu à tribuna da Assembleia Legislativa para propagar, nesta quarta-feira, a tese infantil de que o déficit da previdência não existe.
Tenha dó, deputada.
Essa tese é defendida por um sindicato que representa servidores de elite. A maioria se aposentando pelo salário máximo do funcionalismo (R$ 33 mil). É óbvio que esse grupo de interesse tem muito a perder com a reforma da Previdência. Em quem você acreditaria mais: nesse sindicato ou em uma instituição pública cuja função é auditar as contas do governo, como o Tribunal de Contas da União (TCU)? Será que os auditores do TCU iriam mentir para enganar o povo? Pois bem, a auditoria do TCU já mostrou que o déficit da Previdência em 2016 foi de R$ 226,9 bilhões, e o déficit da Seguridade Social foi de R$ 264,9 bilhões.
Mesmo pela metodologia usada por quem diz que não há desequilíbrio, o resultado para 2016 é um déficit de R$ 57 bilhões e em 2017 será de mais de R$ 100 bilhões. Repare que quem apresenta as contas do “não existe déficit” sempre traz um histórico até o ano de 2015. Por que, se são públicos os números de 2016? Pois, se seguir adiante, vai mostrar números negativos.
Uma CPI do Senado, na qual atuaram apenas parlamentares de oposição, também disse que o déficit não existe. Mas o relatório dessa CPI não mostra em nenhuma das suas centenas de páginas qual o valor do suposto superávit, nem em 2016, nem em 2017, nem nos próximos anos. Ela apenas afirma haver superávit, mas não diz de quanto seria, nem qual seria a metodologia de cálculo. Nenhum dos participantes das audiências públicas feitas pela CPI mostrou esse dado. Trata-se de simples manifestação política que visa poluir a discussão, sem qualquer fundamento técnico.