Numa tática para dar início ao debate eleitoral na Ordem dos Advogados do Brasil – seção Goiás (OAB-GO), as oposições ao atual presidente Lúcio Flávio de Paiva se reuniram na noite da quarta-feira (3) e fecharam um acordo baseado na ocupação de espaços na estrutura da seccional goiana em caso de vitória. Em um consenso aparente – muita gente foi e saiu da reunião insatisfeita –, o ex-conselheiro federal Pedro Paulo de Medeiros ficou definido como candidato a presidente.
O grupo Renovação de Leon Deniz exigiu a direção da Casag, considerada a galinha dos ovos de ouro, praticamente de porteira fechada. A atual secretária geral da instituição, Ana Lúcia Amorim, será indicada para a presidência, além do tesoureiro. Leon garantiu ainda vaga na disputa ao Conselho Federal e 25% das indicações ao conselho seccional.
Em troca da Casag, Leon rifou a advogada Manoela Gonçalves, que viu sua pretensão de ser ungida candidata a presidente ser usada como moeda de troca. Foi oferecida a ela em consolação a secretaria geral da OAB, mas a advogada, que até já havia contratado uma equipe de marketing para a campanha, permanece inconformada.
O grupo Independente, do ex-presidente Enil Filho, também exigiu a Escola Superior da Advocacia (ESA) de porteira fechada. Ludmila Torres ficaria com a presidência e o grupo indicaria a maioria dos diretores. Enil também indicaria um quarto ao Conselho Seccional e um terço ao Conselho Federal. Enil Neto seria mantido ad eternum na presidência da OAB Prev, onde está desde 2014, se utilizando de manobras e alterações no estatuto do fundo de pensão dos advogados.
A diretoria da ESA, no entanto, não é eleita, e sim nomeada pelo presidente. Assim como as indicações ao Conselho Deliberativo da OAB Prev, que no final é quem indica o presidente do fundo. O grupo de Enil, portanto, estaria nas mãos de Pedro Paulo e da Forte, de quem até alguns meses atrás era feroz adversário, assim como era de Leon e vice-versa. As graves e contumazes rixas do passado entre os três grupos têm gerado tensões nas reuniões e a desconfiança na manutenção dos acordos.
O atual presidente da subseção de Anápolis, Ronivan Peixoto, conseguiu a indicação para a vice-presidência. Ele foi traído por Enil durante as negociações e ensaiou uma rebelião, ameaçando expor as divisões da oposição e lançando-se candidato a presidente. A tática deu resultado e ele se contentou com o cargo de vice.
A OAB Forte, última colocada nas eleições de 2015, exigiu maioria na Diretoria da OAB. Além do presidente, vai indicar tesoureiro e secretário-geral adjunto. Também vai indicar aliados para a metade do Conselho Seccional, conferindo poder total ao grupo para desidratar a Casag e a ESA.
As gestões da OAB Forte sempre foram alvo de duras críticas do grupo de Leon Deniz por não cumprir os repasses estatutários de Casag e ESA. Há quem acredite, portanto, que não vá mudar de postura tendo a caixa de assistência dirigida por um adversário histórico.
Apesar dos privilégios no fechamento do acordo, a OAB Forte, a exemplo da Renovação, não conseguiu a unidade interna. O ex-secretário geral Júlio César Meirelles e o candidato derrotado nas últimas eleições, Flávio Buonaduce, por exemplo, só participaram da reunião após publicarem ameaça em forma de notinha no jornal O Popular. Júlio alimentava o desejo de ser ele o candidato a presidente, assim como Buonaduce. Outro presidenciável da Forte, Miguel Cançado, também ficou de fora. A reunião foi providencialmente marcada em data coincidente com suas férias na Europa.
A reunião aconteceu no escritório do ex-presidente Felicíssimo Sena, que declarou em entrevista recente que as oposições, à época representadas por Leon Deniz e Enil Filho, tinham um papel importante: perder para a OAB Forte.
Pelo acerto da reunião, já perderam logo na saída.