Texto publicado no site GBrasil (clique aqui para acessar)
Líder nas pesquisas, Caiado não atrai apoio de ninguém. Por que?
É curioso o paradoxo que vive a pré-candidatura do senador Ronaldo Caiado (DEM) a governador. Ao mesmo tempo em que lidera as pesquisas de intenção de voto com larga vantagem sobre os adversários, não atrai apoio de nenhum partido de médio ou grande porte. Por que?
Em primeiro lugar, isto é um indicador da reputação que o senador tem em Goiás – a de um político individualista e incapaz de construir um projeto coletivo, a muitas mãos. Neste aspecto, ele é diametralmente oposto ao governador Marconi Perillo (PSDB), craque em criar grandes coalizões e em formar governos verdadeiramente coletivos, com a participação de um amplo espectro representativo da sociedade.
Não é à toa que a base governista, compromissada com um candidato que ainda tem um dígito nas pesquisas, conta com quase todos os partidos que realmente importam no tabuleiro eleitoral, como PP, PSD, PTB, PSB e PR. Se Caiado fosse um político com capacidade para o diálogo, estas siglas já estariam com ele.
Em segundo lugar, existe muita desconfiança a respeito da real chance de vitória do senador. Caiado pegou embalo na mesma onda conservadora que alçou Bolsonaro ao topo da disputa presidencial, mas nove entre 10 analistas acreditam que a iminente prisão de Lula vai encerrar este ciclo. Projeta-se uma guinada do eleitorado ao centro, como aconteceu em todas as eleições pós-democratização.
Se isto acontecer, Caiado e Bolsonaro – bem como muitos outros políticos que apostaram no discurso à direita – derreterão. Por ora, fato é que o senador tem o apoio de 8 a 10 micro partidos que, com base na nova reforma eleitoral, devem sumir nos próximos anos, como PPL, PTC, PRTB e PMN. Eles até ajudam a aumentar o tempo no senador na propaganda de televisão, mas não contribuem para eliminar um sério gargalo que ele enfrenta: a falta de palanque no interior.
Para este problema, a solução é o diálogo. Algo para o qual Caiado não tem vocação.