Texto publicado no site GBrasil (clique aqui para acessar)
Goiás é um dos estados brasileiros onde mais repercute o discurso de direita. Este eleitorado acalentava o sonho de ver no mesmo palanque três candidatos que se assemelham nas críticas ao status quo e que tentam transformar o debate político numa cruzada moral: Jorge Kajuru (PRP), Ronaldo Caiado (DEM) e Jair Bolsonaro (PSL). Mas a chance de estarem juntos neste ano é zero.
Na noite desta terça-feira, Kajuru sepultou qualquer possibilidade de aliança com Caiado com as declarações que deu ao programa Roda de Entrevista, da nova TV Brasil Central. Disse, por exemplo, que Caiado “tem de parar de pensar que só ele é sério” porque ele, como outros políticos, recebeu dinheiro de empreiteiras citadas em escândalos de corrupção, como Odebrecht e OAS. Afirmou também que Caiado se aliou a Wilder Morais (DEM) interessado apenas “nos seus R$ 20 milhões, três helicópteros e três aviões”.
Kajuru não engole o fato de ter sido preterido por Caiado na formação da chapa majoritária. “Eu estava na casa dele quando ele disse que não podia me convidar para concorrer ao Senado porque estava reservando a vaga para Vilmar Rocha. Pô, Vilmar Rocha? Se eu perder para o Vilmar eu vou ganhar de quem? E aí, dois dias depois, ele convida o Wilder. O que Wilder tem que eu não tenho? Só o dinheiro”.
Nesta mesma entrevista, Kajuru afirmou que não apoiará nenhum dos candidatos à presidência da República. E mais: criticou Bolsonaro, a quem classificou como “um político vazio”: “ele tem as virtudes dele, mas tem um defeito que precisa corrigir: ele é inculto. Seu discurso é vazio”.
Da parte de Caiado também não existe a mínima disposição em pedir votos para o ex-oficial do Exército da disputa pelo Palácio do Planalto. À rádio Sagres 730 na segunda-feira, o senador afirma que vai trabalhar pela união dos candidatos de centro à presidência – um bloco que, ao que tudo indica, vai se reunir em torno de Geraldo Alckmin (PSDB) ou de Henrique Meirelles (MDB).
De tão parecidos, Kajuru, Caiado e Bolsonaro se repelem. Para tristeza da direita goiana, não será desta vez que marcharão juntos.