Munida de pesquisas qualitativas que denunciaram a má-fama de truculento do senador Ronaldo Caiado (DEM), a equipe de marqueteiros a serviço do DEM desenvolveu uma versão “paz e amor” do candidato. O desafio é acobertar a história de Caiado, que em larga medida desmente o estilo soft adotado nos últimos meses.
O que não falta à biografia do senador são episódios de violência. Não só em palanques – ambientes propícios a arroubos e bravatas, mas em recintos solenes e que inspiram respeito de todo brasileiro, como o plenário do Senado.
A péssima reputação não começou Ronaldo, mas com os Caiado que mandaram em Goiás antes dele. Livros de história relatam a ligação da família com atentados à integridade física de desafetos políticos. O principal símbolo desde passado controverso é Totó Caiado.
Ronaldo fez a sua parte para piorar a fama do clã. Em 1994, quase saiu nos tapas num famoso debate com o ex-deputado federal Luiz Bittencourt na TV Serra Dourada. Em 2015, chamou para brigar “lá fora” o então ministro de Minas e Energia Eduardo Braga, depois de chamá-lo de “bandido” e “safado”. Num embate com o senador Lindbergh Faria (PT) no plenário, botou o dedo na cara dele e sugeriu que o colega era usuário de drogas.
Outros dois tópicos da biografia de Caiado que foram suprimidos pelos marqueteiros são: a sua ligação com a União Democrática Ruralista (UDR), fundada duas décadas atrás e suspeita de promover assassinatos no meio rural; e o seu voto contra a PEC do Trabalho Escravo em 2012, quando era deputado.
A imagem soft recém-forjada para o senador ignora a pancadaria que promove há anos contra o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Bater em Marconi é tão rotineiro para o senador quanto escovar os dentes ou almoçar. Com um discurso radical, o senador enxerga defeitos em tudo. Mas nunca ofereceu alternativas ou propostas em contrapartida.