A privatização de estatais é uma das exigências impostas pela legislação federal para a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) já proposto pelo senador e governador eleito Ronaldo Caiado (DEM). Caso consiga enquadrar o Governo de Goiás nas regras, que pressupõem que o Estado esteja em regime de pré-falência, Caiado terá de se desfazer de patrimônio público e a primeira estatal na lista de privatizações é a Saneamento de Goiás – Saneago.
Caiado terá de forçar a barra para inserir Goiás no RRF. À medida em que governador José Eliton (PSDB) avança no fechamento das contas da atual gestão (2011-2018), os argumentos de crise fiscal do governador eleito vão se esfacelando. Na semana passada, o próprio Caiado elogiou publicamente a condução da transição pelo tucano, durante a assinatura dos projetos de revisão dos incentivos fiscais e do Orçamento Impositivo, no Palácio Pedro Ludovico Teixeira.
A Saneago é um empresa rentável, considerada uma das melhores estatais do setor no País. A companhia fez pesados investimentos na expansão das redes de água e esgoto nos últimos anos, em porcentuais acima da média nacional. O governo atual e o conselho de administração vinham preparando a abertura de capital, sem privatização, como forma de ampliar a capacidade de investimentos da empresa e tornar sua gestão mais transparente com a entrada de parceiros privados.
Depois de criticar duramente a privatização da Celg Distribuição pelo atual governo, Caiado vai usar o RRF como muleta para levar adiante sua visão privatista. O patrimônio do Estado não acaba por aí. Na lista de privatizações podem entrar a Iquego, a Codego, a Goiás Parcerias, a Goiás Gás, a Celg Geração e Transmissão, a Celg Telecom e a Agência Brasil Central (ABC).