A adesão ao chamado Regime de Recuperação Fiscal (RRF) é a desculpa perfeita que o senador e governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) precisava para impor as medidas amargas que ele ocultou ou negou que adotaria durante a campanha eleitoral. Caiado é um político liberal, de extrema direita, e o RRF é a muleta para que o demista apresente como imposição e necessidade medidas que não teria condições políticas de levar adiante sem um argumento oficial.
É a mesma tática que foi usada por Maguito Vilela (MDB) em seu governo (1995-1998) para impor a privatização da Usina de Cachoeira Dourada. À época, o emedebista disse que a venda da empresa era imposição do pacote de desestatização do então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). A desculpa foi desmascarada por outros Estados, que não fizeram o mesmo.
Com o RRF, Caiado poderá suspender aumentos, planos de carreira e concursos. Está desobrigado a celebrar convênios com as prefeituras e fazer propaganda oficial. Por outro lado, está autorizadíssimo a realizar privatizações e operações para tomar dinheiro de empréstimos – tudo com prazos mais céleres, menos burocracia e sem exigência de avais, como no caso do aumento do endividamento.