O senador e governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) assume o comando do Palácio das Esmeraldas com a marca histórica do maior número de conflitos acumulados no dia da posse. Nos menos de três meses entre a vitória no primeiro turno e o embarque na gestão, Caiado soma encrencas com os empresários, os servidores públicos, a classe política e o Poder Judiciário.
Caiado perdeu prestígio e subiu muito a rejeição no setor produtivo com o tenso debate sobre a revisão dos incentivos fiscais do Produzir. O projeto aprovado ficou diferente do acordado com os empreendedores, que estão buscando no governo eleito de Brasília a compensação para as perdas. O resultado pode ser o maior processo de desindustrialização do País.
O governador eleito comprou briga com o funcionalismo ao anunciar, na quarta-feira, o calote da folha de pagamento de dezembro. Em uma única frase, colocou em xeque sua relação não apenas com o Executivo, mas principalmente com os servidores do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público, que se uniram para tentar impedir o calote.
Caiado azedou as relações com aliados e os partidos políticos de sua base de apoio ao escolher quase que integralmente nomes de sua cota pessoal para o primeiro escalão – e, além disso, em sua maioria forasteiros. Também vem gerando críticas pelo isolamento na tomada de decisões, quase sempre restrita ao seu núcleo familiar.
Por fim, entrou em atrito com o Poder Judiciário ao criticar a política salarial e os planos de cargos e remunerações da magistratura, que durante a campanha classificou de “privilégios”. Além disso, depois de eleito manteve equidistância da tramitação dos projetos de reajustes e da equalização de carreiras na Justiça, no Ministério Público e nos tribunais de contas.
Caiado começa mal.