O primeiro dia útil do governo de Ronaldo Caiado (DEM) foi também o primeiro dia de comparação com seu antecessor, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Servidores de carreira, novos e veteranos, criticam a postura de distanciamento do demista dos problemas que ele diz tem para resolver, enquanto lembram que o tucano, que herdou o caos real por duas vezes, não ficou reclamando, foi à luta e apresentou rapidamente as soluções para os problemas.
Marconi herdou folhas em atraso, dívidas gigantescas com fornecedores e repartições públicas fechadas (entre elas hospitais) quando assumiu o Governo de Goiás pela primeira vez em 1999 e, de novo, quando voltou ao cargo em 2011. Nas duas situações, reuniu servidores, sindicatos, setor produtivo, entidades de classes e os Poderes do Estado para discutir soluções e tomar decisões. Fez o que um governador de fato e de direito tem de fazer.
O quadro de crise apresentado por Caiado é classificado entre fantasioso e exagerado. Fantasioso pelos técnicos que conhecem a realidade cotidiana da administração pública, sempre marcada pela máxima econômica de que os recursos são escassos e as demandas, infinitas. O termo exagero, acredite o leitor, é usado pelos aliados, que perceberam no discurso do caos a muleta para preterir os partidos, centralizar o poder e reduzir de forma deliberada a liberdade dos auxiliares na tomada de decisões.
Outra comparação inevitável com Marconi, que tem capacidade de liderança, acompanha de perto cada ato de seus auxiliares, dando a eles liberdade e confiança para agir. Justamente o que Caiado não consegue fazer agora, porque o novo governador passou a vida pública inteira falando sozinho, decidindo sozinho e punindo quem fizesse o contrário.