O editorial deste domingo do jornal O Estado de S.Paulo é daqueles que merecem ser guardados na relação de favoritos. Em 14 parágrafos, o Estadão mostra com precisão o festival de trapalhadas, falta de ação e crises criadas pelo próprio governo nas menos de duas semanas da estreia do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
A análise do Estadão serve perfeitamente para explicar o caos em que o governo Ronaldo Caiado (DEM) está mergulhado desde o desembarque do ex-senador no Palácios das Esmeraldas.
“Ao contrário do que se poderia supor, há um pesado clima de desassossego instalado em Brasília. Esta intranquilidade não é causada pela oposição, e tampouco pela imprensa, como alardeiam pessoas muito próximas do presidente. Resulta de ações e inações que provêm do núcleo palaciano, que até agora tem dado a impressão de governar de improviso, como se não estivesse preparado para os problemas com os quais, sabidamente, teria de lidar”, diz o Estadão.
“Uma série de episódios embaraçosos, para dizer o mínimo, canaliza energias do presidente Jair Bolsonaro e de membros de seu governo para infindáveis explicações, e não para o trabalho que tem de ser feito. O que mais se vê são autoridades esclarecendo “mal-entendidos”, desdizendo o que antes havia sido dito em português cristalino, desfazendo o que foi feito ao sabor da repercussão e por aí vai. Quase duas semanas após a posse, não há um fato positivo sequer na agenda governamental”, afirma em seguida o jornal paulista.
Depois de enumerar a conhecida série de trapalhadas e enrascadas em que os auxiliares do presidente se envolveram em apenas 14 dias de governo, o Estadão conclui: “Tendo seu governo como epicentro de crises extemporâneas, cabe exclusivamente ao presidente Bolsonaro agir com presteza para resolvê-las. Melhor ainda, para evitá-las. Assim, poderá dedicar esforços à construção de um país melhor. Ele foi eleito para isso”.
Troquemos, em todo o texto, Bolsonaros por Caiados e teremos a mesma realidade, esculpida e encarnada no “novo” governador de Goiás.