Os 15 primeiros dias do mandato de Ronaldo Caiado (DEM) entrarão para história da administração pública estadual como uma sucessão de bate-cabeças entre o governador e seus auxiliares e um baita balde de água fria nos goianos, especialmente aqueles que deram a ele a vitória no primeiro turno com quase 60% dos votos válidos.
A crise em que a gestão mergulhou surpreende até os adversários mais pessimistas e ressuscitou a oposição antes da conclusão da composição de forças na Assembleia Legislativa, que só volta aos trabalhos em fevereiro. A crise mais aguda é a gerada pelo calote na folha de dezembro, que espraiou a insatisfação dos servidores para a sociedade.
Caiado também é alvo da insatisfação dos cidadãos e dos aliados por conta da nomeação batelada de parentes, amigos e forasteiros para praticamente todos os postos-chave da administração. Para piorar, ao final de 15 dias, 54% dos cargos de segundo escalão permanecem vagos, paralisando o governo e comprometendo a prestação dos serviços públicos para a população.
Caiado foi arrastado para a tempestade da crise e não consegue reagir. Nesse período, não anunciou nenhuma medida capaz de dar um refresco para seu mandato. Ao contrário: atirou gasolina sobre problemas, anunciando saídas esdrúxulas para o desafio da administração, como o horroroso caderninho de fiado para os servidores públicos sem salários. Agora, enfrenta a onda de mobilizações, nas ruas e na Justiça, dos milhares de servidores que chegam à metade de janeiro sem nenhuma perspectiva de quando receberão os salários atrasados.