Uma servidora policial militar lotada há cinco anos no Regimento de Cavalaria Ary Ribeiro Valadão (RPMON) denuncia, em mensagem ao Goiás 24 Horas, o tenente-coronel Alysson Sobrinho, comandante da cavalaria, por suposto uso de estrutura pública para cuidar de cavalos particulares. A riqueza de detalhes da denúncia encaminhada pela servidora é impressionante. Ela manda fotos e dá o número das baias que acomodam cavalos dos supostos “clientes” do tenente coronel – que cobraria R$ 1 mil a R$ 1,5 mil por cavalo domado.
Veja o que ela diz:
1 – Há anos o Comandante desta Unidade, cede diversas baias (recinto em que ficam os cavalos) para particular. Aproximadamente sete baias são utilizadas permanente e exclusivamente pelo particular. Vale dizer que este particular não é servidor público e seus cavalos não são utilizados pela cavalaria na sua atividade fim, sendo, portanto, utilizados exclusivamente para entretenimento de terceiros.
2- As baias utilizadas por este particular são as seguintes: 147 (fotos 01 e 02), 148 (fotos 03 e 04), 149 (fotos 05 e 06), 150 (fotos 07 e 08), 151 (foto 09), 152 (foto 10) e 153 (foto 11). Também faz uso de quatro cômodos ao lado dessas baias (conforme foto 12) para guardar seus equipamentos de montaria.
3 – Este particular, cujo nome acredito ser Alexandre, também faz uso de toda a estrutura da cavalaria para manter seus cavalos, como a utilização de água e inclusive o picadeiro (local de treinamento dos cavalos) para a prática de hipismo. O mesmo, inclusive, mantem permanentemente no local um funcionário para lhe dar apoio em suas montarias. Constantemente é molhado todo o picadeiro, gastando milhares de litros d’água, para que ele possa utilizá-lo.
4- Há também um Coronel aposentado que utiliza a baia 146 (conforme foto 13) para acomodar uma égua particular, que é usada para lazer de sua família. Vale dizer que este faz uso de toda a estrutura da cavalaria para manter seu animal.
5 – Tal conduta não é resguardada pelas leis vigentes, pois não há contrato do particular com o Estado de Goiás, não houve licitação, não há nada. Em contra partida, provavelmente o Comandante Alysson deve receber algo em troca e mesmo que essa contrapartida fosse revertida para benfeitorias na Unidade Militar, esta conduta não se reveste de legalidade, pois não houve licitação, contrato, nem transparência.
6 – Como se sabe, o custo para se manter sete animais em baias particulares, ultrapassa a ordem dos dez mil reais por mês. Nesse sentido, vejo um flagrante desvio de dinheiro público com finalidade particular.
7 – O referido comandante também vem se utilizado da estrutura da Cavalaria para domar cavalos de terceiros. Constantemente, este comandante traz a esta Unidade cavalos de propriedade do sr. Arnaldo (amigo particular do TC. Alysson) para realizar a doma. Após os cavalos estarem completamente domados, os mesmo são devolvidos ao seu proprietário. Há aproximadamente dez cavalos que já foram domados pela cavalaria.
8 – O preço que é cobrado por profissionais do mercado que trabalham com doma de cavalo é aproximadamente um mil e quinhentos reais por cada animal. Daí da para se ter uma noção de como este Comandante desvia os recursos públicos para atividades estranhas ao interesse coletivo. Segue fotos 14, 15, 16 e 17 que demonstram alguns desses animais em fase de doma.
7 – Destaco ainda que o Comandante TC. Alysson costuma dizer para sua tropa que estes particulares, que se beneficiam da cavalaria, são verdadeiros “parceiros” da polícia, o que me causa estranheza, haja vista que há meios legais para a realização de doação para a polícia militar. Porque estes indivíduos não buscam estes meios?
8 – Acrescento que já foi realizado denúncia junto ao MPGO, todavia nada foi feito. Por fim, ressalto que este comandante é homem de confiança do Comandante Geral da Policia Militar de Goias e por isso eu não optei por recorrer as vias internas de correição.
Caso o tenente-coronel Alysson Sobrinho ou a Polícia Militar quiserem se manifestar, atualizaremos este post.