É sempre arriscado descer de paraquedas em um município ou estado e, em curto prazo, declarar-se candidato a cargos eletivos.
De modo geral, a base política não assimila o “cristão novo” e tampouco o eleitorado. Torna-se, quase sempre, um candidato de si mesmo, porque atropela o tempo de maturação do próprio projeto e não constroi, com a comunidade, laços que fazem, do nosso sistema político, uma democracia representativa.
Exemplos de paraquedistas malsucedidos em Goiás não faltam: Henrique Meirelles, Mattos Nascimento, Renner, Túlio Maravilha, o cantor sertanejo Milionário (da dupla Milionário e José Rico) e por aí vai. À exceção de Túlio, nenhum deles foi consagrado pelas urnas – e mesmo no caso dele foi uma decepção retumbante.
O ex-deputado Euler Morais prepara voo semelhante. Ele foi escolhido pelo prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB), para sucedê-lo, apesar de não existir qualquer histórico político-eleitoral que justifique a unção do ex-deputado. Outros tantos, dentro do PMDB de Aparecida, reivindicam a posição de candidato porque julgam ter mais legitimidade – e eles têm razão: os vereadores Gustavo Mendanha e Edilson Ferreira, por exemplo, militam na política do município há muito mais tempo.
Euler terá um ano para se viabilizar dentro do partido. Será um ano difícil, ainda que Maguito pareça ter o controle do PMDB. Edilson e Gustavo devem, irremediavelmente, exigir que o prefeito apresente argumentos convincentes para justificar esta imposição. Se não o fizer, vai fritar. E a Câmara de Vereadores, sob o comando destes dois, pode se transformar em um cavalo de guerra.
Vencida a costura política, Euler vai enfrentar uma batalha ainda mais difícil para conquistar a confiança do eleitor – que não faz a menor ideia de quem ele seja.
Trocando em miúdos: pode ser que dê certo, mas tem tudo para dar errado.