Em Goiás, dois dos perfis mais animados, no Twitter, em defesa da moralidade e no combate à corrupção, são os do procurador federal Helio Telho e o do promotor estadual Fernando Krebs.
Mas com um detalhe: eles só apontam o que é errado nos demais Poderes Públicos – Executivo, Legislativo e Judiciário. Quando se trata da instituição a que pertencem, ou seja, o Ministério Público, nenhum dos dois é capaz de dar um pio.
Na prática, Krebs e Telho defendem um tipo de moralidade que é bom para os outros, não para eles.
Por exemplo: neste domingo, o jornal O Popular, o mais importante do Estado, traz como manchete de primeira página a revelação do esquema de artifícios legais que permite que a promotores e procuradores do Ministério Público goiano embolsar salários de até R$ 152 mil mensais. Segundo o jornal, há um emaranhado de auxílios, gratificações, indenizações, remunerações extras, verbas retroativas, abono de permanência e outros benefícios que permite a 179 promotores e procuradores receberem até cinco vezes acima do teto constitucional que é de R$ 33.763, o salário pago aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Imagine só um escândalo desses na Assembleia ou mesmo no Governo do Estado? Lá estariam, na linha de frente, os dois paladinos da moralidade – Krebs e Telho – fulminando, cobrando, acusando, debochando em suas postagens no Twitter – aliás, em horário de expediente, quando estão recebendo dos cofres públicos para exercer a missão de fiscais da sociedade.
Que, aliás, eles exercem, sim, mas só quanto aos outros. Quanto a eles mesmos…