Os dois pesquisadores norte-americanos, da Universidade de Stanford, que apareceram em Goiânia nesta semana, surpreenderam os técnicos da Secretaria da Educação ao dizer que não é recomendável iniciar o processo de introdução das Organizações Sociais nas escolas estaduais por um lugar como Águas Lindas. A informação não foi divulgada pela titular da pasta, Raquel Teixeira, mas está sendo amplamente comentada entre todos os que participaram da reunião com os dois pesquisadores.
Embora tenham permanecido menos de um dia em Goiânia, os especialistas David Plank e Martin Carnoy tiveram tempo para conhecer em linhas gerais o modelo de aproveitamento de OSs que está sendo desenvolvido sob o comando de Raquel Teixeira. Ao serem informados da “estratégia” de começar com um “teste” em uma única região – e, pior ainda, afastada dos grandes centros urbanos do Estado, caso de Águas Lindas – eles desaconselharam esse caminho e sugeriram uma outra solução.
Segundo David Plank e Martin Carnoy, seria muito mais interessante e produtivo iniciar com uma amostragem de escolas espalhadas em várias regiões, com diferentes níveis econômicos e sociais, sem abrir mão, por exemplo, de unidades bem situadas em Goiânia, mas incluindo também uma ou duas em locais com as características de Águas Lindas e assim por diante em regiões representativas da realidade do Estado.
Para fundamentar o conselho, os pesquisadores usaram o exemplo das escolas charter americanas, cuja administração se assemelha ao modelo de gestão por OSs pretendido em Goiás. Nos Estados Unidos, essas escolas mostraram bons resultados em sua maioria, mas haveria casos em que, em função de características locais, a experiência não andou para a frente. Se o que a secretária Raquel Teixeira está propondo é um “teste” para o novo modelo, ele teria que ser submetido às diferentes realidades econômicas e sociais do Estado para ser válido.