Reportagem publicada no Jornal Opção
Há exatamente um ano, no dia 26 de julho de 2017, o Parque Mutirama foi palco de tragédia que deixou 13 pessoas feridas, causando comoção e repercussão nacional. O caso ocorreu no início da tarde de uma quarta-feira, quando pane em um brinquedo fez com que ele se partisse ao meio. O parque parou de funcionar naquele mesmo dia e segue de portas fechadas. Até então, ninguém foi responsabilizado.
O acidente foi investigado pelo delegado Izaías Pinheiros, que indiciou, ainda no último ano, três pessoas responsáveis, direta ou indiretamente, pela manutenção dos brinquedos.
O engenheiro mecânico José Alfredo Rosendo Coelho foi indiciado por lesão corporal grave por dolo eventual — quando há intenção de cometer o crime. Já o supervisor geral do Parque Mutirama, Wanderley Alves Siqueira, e o presidente da Agência Municipal de Lazer e Turismo (Agetul), Alexandre Magalhães, foram indiciados por lesão corporal culposa.
O caso foi remetido à Justiça e ainda aguarda parecer do Ministério Público de Goiás. Segundo informações do órgão, no último dia 12 de julho, uma promotora em substituição requereu ao poder Judiciário que o Instituto de Criminalística responda a cinco perguntas técnicas que não haviam sido esmiuçadas no processo. Caso o Judiciário acate a solicitação, o instituto tem um prazo de 60 dias para enviar as respostas.
A reportagem entrou em contato com a assessoria do Tribunal de Justiça e foi informada que o caso já está concluído e que aguarda apenas a sentença.
INVESTIGAÇÕES
Fechado desde a tragédia, o Parque Mutirama passou por duas perícias. A primeira delas no brinquedo Twister, alvo da pane que causou o acidente em julho passado. O eixo central do brinquedo foi desmontado pelos peritos criminais e analisado minuciosamente.
A polícia apontou que a peça estava com uma fissura na superfície, que foi sofrendo desgaste com o passar do tempo. Assim, com o constante funcionamento e sem a devida manutenção, o eixo acabou rompendo. A conclusão é de que a atração não poderia estar funcionando e que o acidente poderia ter sido evitado.
Ainda segundo o responsável pela avaliação, laudo do ano de 2011 realizado por uma empresa terceirizada havia mostrado uma trinca de 10 centímetros e já apontava para as más condições do equipamento e do eixo que se rompeu e provocou o acidente. Mesmo assim, a gestão do parque manteve normal funcionamento, sem qualquer troca de peças ou acompanhamento da fissura.
Após a perícia no Twister, os peritos voltaram ao parque meses depois para apurar as condições dos demais brinquedos. O cenário encontrado não foi mais animador. O novo laudo apontou que as atrações funcionavam de forma precária e que também poderiam causar graves acidentes.
Reabertura
Depois de diversas datas previstas para a reabertura, o Parque Mutirama de Goiânia deve voltar a funcionar, definitivamente, apenas em outubro, no mês das crianças. Em entrevista recente, o presidente da Agetul afirmou que a segurança tem sido o foco principal e revelou, também, que haverá uma divulgação sobre a condição em que o parque se encontrava quando fechou as portas.
“Houve muita burocracia, tivemos a polícia tecnocientífica até final de outubro de 2017 no parque, período em que não pudemos mexer lá. Além disso, contratamos uma empresa para fazer uma auditoria do que estava estragado e assustamos”, informou.
Alexandre também explica que a reabertura atrasou por conta de burocracias e enfatizou que o parque contará com novo protocolo de manutenção para impedir que novas tragédias assolem o espaço de lazer municipal.