O senador Ronaldo Caiado (DEM) já recebeu R$ 2,5 milhões do chamado “Fundão” – constituído de dinheiro público – para financiar a sua campanha para governador. O “Fundão” é uma das novidades desta eleição e foi criado pelo Congresso no fim do ano passado, apesar dos protestos de parlamentares refratários à ideia de se usar verbas públicas para custear projetos políticos pessoais. Caiado foi um deles.
De acordo com levantamento do jornal O Estado de S. Paulo, Caiado é o segundo no ranking geral de senadores que tiveram mais acesso a dinheiro do “Fundão”. Ele fica atrás de Omar Aziz (PSD), candidato ao governo do Amazonas, que abocanhou R$ 3,5 milhões – um milhão a mais do que o colega goiano. Na sequência aparecem os senadores Romário (Podemos-RJ), Renan Calheiros (MDB-AL) e Magno Malta (PR-ES), com R$ 2 milhões cada.
O senador foi inclusive autor de um substitutivo para alterar a regra que acabaria sendo aprovada. Como alternativa, ele queria que a propaganda eleitoral fosse extinta (o que esfriaria a disputa e beneficiaria a sua candidatura a governador) e que a compensação hoje paga pelo governo para as emissoras exibirem a propaganda fosse revertida em financiamento de campanha. Caiado gravou vídeos para as redes sociais em que se dizia contra o uso de dinheiro público na eleição. Talvez tenha mudado de ideia.
EMPREITEIRAS
Caiado parece ter mudado de ideia também a respeito do uso de dinheiro de empreiteiras para campanhas políticas. Ele era crítico desta relação obscura entre o poder econômico e os candidatos a cargos eletivos, mas em 2014 ele recebeu da construtora baiana OAS R$ 499.400,00. Já a Odebrecht depositou a quantia de R$ 400 mil. As duas doações somadas totalizam R$ 899,4 mil.
Com base nestas informações, o vereador Jorge Kajuru (PRP) – que hoje disputa eleição na chapa de Caiado – questionou a autoridade moral do senador para botar em xeque a probidade de seus adversários. “Todos esses políticos profissionais pegaram dinheiro de empreiteira. Caiado também pegou dinheiro de empreiteira. Da Odebrecht e OAS. Existe almoço de graça?, eu pergunto a vocês. Uma empreiteira que dá R$ 800 mil, a OAS… existe almoço de graça? Precisa parar com essa história de que só ele é sério”, disse o vereador.