Os exemplares de bíblias impressas pela gráfica do pastor lobista Gilmar Santos e distribuídas em evento oficial do Ministério da Educação tinham a foto do titular da pasta, Milton Ribeiro, na contracapa. Os dois religiosos acusados de formarem um gabinete paralelo no MEC, suspeito de negociar propina em troca de liberação de recursos com aval do presidente Jair Bolsonaro (PL), também aparecem nas imagens.
A bíblia distribuída destaca o “patrocínio” do prefeito de Salinópolis, Carlos Alberto de Sena Filho (PL), o Kaká Sena, cuja foto também aparece na impressão. Ele encomendou uma tiragem de mil bíblias por R$ 70 cada, de acordo com presentes, segundo o jornal Estadão. A Igreja Ministério Cristo para Todos, um ramo da Assembleia de Deus comandada pelo pastor Gilmar, foi responsável pela edição.
Depois do evento, o ministro aprovou a construção de uma escola no município e firmou um termo de compromisso de R$ 5,8 milhões. No fim de dezembro, foram empenhados R$ 200 mil desse valor.
Gabinete paralelo
O ministro da Educação Milton Ribeiro afirmou em uma gravação que o governo dá prioridade a pedidos de verba negociados por dois pastores que não têm cargos oficiais, mas atuam de forma informal dentro do Ministério da Educação (MEC), atendendo a uma solicitação do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde o começo de 2021, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura promoveram encontros de prefeitos no MEC que levaram a pagamentos e empenhos (reserva de valores) de R$ 9,7 milhões, em apenas dias ou semanas depois de promoverem as agendas.
Ao Estadão, os pastores confirmaram que usaram de sua ligação com o ministro para direcionar recursos para certas prefeituras, mas negaram os pedidos de propina. Eles negam ter participado de reuniões para tratar de obras de escolas e creches.