terça-feira , 5 novembro 2024
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Presidente do Sindicato dos Jornalistas diz que Grupo Jaime Câmara é “empresa de segunda linha” e chama de “opção burra” a decisão de demitir profissionais

No dia seguinte à demissão de Pablo Hernandez, João Lemes e Valéria Belém, editores do Jornal O Popular, o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Goiás, Cláudio Curado, publicou críticas duras ao Grupo Jaime Câmara (GJC), que chamou de “empresa de segunda linha”. Curado também afirma no texto que a opção por defenestrar profissionais experientes para enxugar a folha e maximizar lucros é “burra”.

Veja o texto na íntegra:

A OPÇÃO BURRA

Relutei muito em escrever este texto. Mas o faço como cidadão leitor por mais de 40 anos do jornal O Popular e o publico aqui, em minha página pessoal.

A OPÇÃO BURRA

Desde o inicio da década de 1970 costumava esperar o jornal, ainda menino, na cidade de Inhumas. Acompanhei seu bom suplemento literário (o jornal chegou a ter um!) e depois o suplemento do campo. O jornal fez parte de minha vida durante todo este tempo. Mas agora vejo, com tristeza, ele se desviar do bom jornalismo que fez dele referência em Goiás.
Sua direção, com auxilio luxuoso de consultores, opta pelo caminho fácil e equivocado da economia da boa mão de obra, em nome da expressão “corte de despesas”. Mas quanto custa uma boa redação? Matemática é fácil. Com 50 jornalistas e 10 editores, com salários médios de 3 e 7 mil reais, custaria 220 mil reais mensais. Somando custos trabalhistas, vá lá, 350 mil reais. Se o jornal vende 30 mil exemplares por dia a R$ 2,50, chegamos a conta de que a redação é paga com a circulação de meros 5 dias de uma semana. Os outros 25 dias pagam custos industriais e gera lucro, muito lucro aos donos.
Então é falácia dizer que a redação pesa no orçamento. Como também é mentira reclamar de dificuldades financeiras quando o balanço da empresa, publicado nas páginas do jornal, mostram lucro de mais de 80 milhões de reais no último ano!
Ocorre que mentes iluminadas com formação em institutos renomados e vários MBAs acreditam nisso (se fossem tão brilhantes não estariam em empresa de segunda linha no centro-oeste brasileiro!) e agora penalizam jornalistas e leitores com a troca de profissionais experientes e com bom texto por jovens recém-formados e estagiários(!) não remunerados.
Que jornal pretendem oferecer aos leitores? Que jornal vão oferecer a anunciantes? Se iludem com os milhares de acessos na internet, esquecendo-se de que esta plataforma ainda não mostrou viabilidade comercial. Como pretendem faturar governos, com seus cadernos, em meio digital?
Na quinta-feira, 10 de setembro, o jornal estava cheio de auto-propaganda (chamávamos isso de “calhau”). Tentam enganar colocando este tipo de publicidade e ainda dando espaço para coberturas fotográficas. Isso mostra que falta são matérias, bom jornalismo. E na mesma edição ainda havia uma página inteira da ANJ dizendo que aumentou a tiragem dos jornais. Será que isso ocorreu em O Popular? Pela qualidade atual, o correto é imaginar que não.
Fazem a opção burra pela economia imediata, dando um tiro no pé a médio e longo prazo com queda evidente de qualidade editorial e perda de assinantes e leitores. Vangloriam-se de economizar “x” reais ao mês, mas parecem não ver o que estão plantando. Como leitor somente tenho a lamentar, e dizer que minha relação de leitor diário está chegando ao fim.

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