quinta-feira , 18 julho 2024
GoiásNacional

Críticas histéricas às polícias não ajudam a resolver o problema da Segurança Pública. O problema está na indulgência da lei, afirma jornalista Afonso Lopes

A forte comoção provocada por assassinatos estúpidos, como o que tirou a vida de uma estudante secundarista em Goiânia na segunda-feira, desvirtuam o debate sobre Segurança Pública e nos empurram no rumo contrário ao das soluções. A opinião é de Afonso Lopes, um dos mais experientes e qualificados jornalistas de Goiás.

Em seu blog, Afonso condena a histeria das redes sociais e escreve que o verdadeiro nó górdio da batalha contra a criminalidade não está na propalada ineficiência das polícias Civil e Militar, mas na indulgência da lei, que não pune de forma justa os responsáveis pelos crimes.

“No universo das leis penais brasileiras existe uma única e solitária “arma” jurídica que de certa forma ainda mantém de pé o princípio da punibilidade de bandidos: a lei dos crimes hediondos. E mesmo assim, ela não é 100% eficaz. É pouco para um país em guerra”, diz o jornalista.

Confira o texto na íntegra:

Goiânia: há exatamente dois anos, Wanessa foi assassinada ao sair da escola

O assassinato de Wanessa, uma garota de 19 anos, em fevereiro de 2014, aconteceu na porta de um colégio no setor Central, em Goiânia. Um casal de moto a abordou para lhe assaltar. Wanessa se apavorou, tentou escapar, e foi assassinada a tiros pelo garupa, uma mulher.

Natália, de 18 anos, morreu exatamente da mesma forma. Casal de moto, em um assalto, com o tiro fatal disparado pela mulher. A única e talvez sutil diferença é que Natália não teria tentado fugir.

Tanto em um caso como no outro, há um grito por justiça. As polícias civil e militar de Goiás vão se esforçar para prender a bandida e seu comparsa. Pelo histórico de desempenho, é bem provável que ambos vão ser presos. Mas não será feita justiça.

Em momentos assim, de forte comoção provocada por assassinatos tão estúpidos, uma das tendências massificadas é reclamar do número de policiais. Há realmente uma relação no Brasil todo entre policiais X população bem abaixo do recomendado por organismos internacionais. Mas o problema brasileiro não é esse. Por mais que encham as ruas de policiais, ainda assim a violência será cada vez maior, como tem sido ao longo das últimas décadas.

É necessário constatar o óbvio: quem nos mata, como nos casos de Wanessa e Natália, não são aqueles e aquelas que puxam os gatilhos, mas a impunidade deles. Enquanto a intelectualidade brasileira se preocupar mais com eventuais casos de violência praticados por policiais e menos com a crueldade de ação dos bandidos, estaremos fazendo tudo errado.

No universo das leis penais brasileiras existe uma única e solitária “arma” jurídica que de certa forma ainda mantém de pé o princípio da punibilidade de bandidos: a lei dos crimes hediondos. E mesmo assim, ela não é 100% eficaz. É pouco para um país em guerra.

Artigos relacionados

Goiás

Carreta bitrem perde compartimento de carga em Goiás; motorista trapalhão não percebeu

Fato Uma carreta bitrem, carregada com sal, perdeu um dos compartimentos de...

Goiás

PSDB Goiás se solidariza com Bruno Peixoto após traição de Caiado: “eleitor é quem define”

O PSDB Goiás emitiu nota em solidariedade ao presidente da Assembleia Legislativa,...

Nacional

Novo Farmácia Popular disponibiliza 40 medicamentos de graça para beneficiários do Bolsa Família

Os beneficiários do bolsa família receberam uma verdadeira dose de alívio; o...

Nacional

Sem vacinação, deputada Carla Zambelli contrai Covi-19 e é internada em UTI em Brasília

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) recebeu o diagnóstico de Covid-19 na...