quarta-feira , 13 novembro 2024
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Velhinho, Boca Mole e Caranguejo: veja a lista de codinomes que a Odebrecht criou para alguns dos políticos mais influentes do Brasil

“Caju”, “Todo Feio”, “Índio”, “Caranguejo” e “Boca Mole”. Estes são alguns dos codinomes que a empreiteira Odebrecht usava para identificar deputados, senadores e demais autoridades com quem se relacionava. As informações foram divulgadas pelo site Buzzfeed Brasil com base na delação premiada do ex-vice-presidente de relações institucionais da Odebrecht Cláudio Melo Filho.

Chama atenção o apelido dado ao ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL): “Justiça”. O leitor se lembrará que, nesta semana, Renan ignorou a intimação do oficial de Justiça para que fosse afastado e, no pleno do Supremo Tribunal Federal (STF), conseguiu um arranjo improvável para se manter na presidência do Senado, fato que desencadeou uma série de críticas da população brasileira aos ministros que subscreveram a sentença.

Confira a lista.

Caju – Romero Jucá (PMDB-RR). Ex-ministro da Casa Civil de Michel Temer e considerado por Cláudio Melo Filho responsável pela arrecadação de dinheiro no âmbito do PMDB no Senado e posterior distribuição para campanhas eleitorais – oficialmente ou por meio de caixa dois. Em nota, o Jucá afirmou que desconhece a delação do ex-vice-presidente da Odebrecht e nega que recebesse recursos para o PMDB.

Justiça – Renan Calheiros (PMDB-AL). Presidente do Senado Federal é apontado pelo delator como um dos principais articuladores dos interesses da empreiteira na Casa. Ainda segundo informações do Buzzfeed, quem falava em nome de Renan era Romero Jucá.

Em nota, a assessoria da presidência do Senado disse que Renan Calheiros nunca autorizou ou credenciou qualquer pessoa a usar seu nome. Disse ainda que ele jamais recebeu vantagens de quem quer que seja.

Destacou ainda que todas as contas eleitorais e pessoais do senador são regulares e com recursos de origem conhecida.

Índio – Eunício de Oliveira (PMDB-CE). Senador também era representado por Romero Jucá, que, segundo o delator, recebeu R$ 22 milhões em nome de Eunício e Renan Calheiros. O pagamento era para que os senadores garantissem a aprovação de projetos e medidas provisórias de tal forma que os interesse da Odebrecht fossem preservados nas matérias.

Eunício de Oliveira, por sua vez, afirmou que “nunca autorizou o uso de seu nome por terceiros e jamais recebeu recursos para a aprovação de projetos ou apresentação de emendas legislativas”. Disse ainda que, “a contribuição da Odebrecht, como as demais, fora recebidas e contabilizadas de acordo com a Lei. E as contas aprovadas pela Justiça eleitoral”.

Babel – Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Exonerado da Secretaria de Governo de Michel Temer há duas semanas após envolver o governo em uma crise. Ele teria recebido R$ 1,5 milhão do esquema. O delator, baiano como o ex-ministro, apresentou como prova de seu relacionamento com Geddel mais de 100 ligações registradas em seu celular.

Bitelo – Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA). Irmão de Geddel e deputado federal também é citado na delação. Segundo o ex-diretor da Odebrecht, Lúcio, para não atrapalhar a aprovação de uma medida provisória de interessa da Odebrecht, recebeu entre R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão. Segundo o deputado, “todas as doações foram declaradas”.

Primo – Eliseu Padilha (PMDB-RS). Ministro da Casa Civil centralizava arrecadações para Temer, então candidato à reeleição à vice-presidente nas eleições de 2014. De acordo com o delator, Padilha atua como verdadeiro “preposto de Michel Temer e deixa claro que muitas vezes fala em seu nome”. O ministro Eliseu Padilha lembrou que não foi candidato a cargos eleitorais em 2014 e afirmou que jamais discutiu arrecadação com quem quer que seja.

Angorá – Moreira Franco (PMDB-RJ). Secretário especial de governo também seria responsável por arrecadar verba para Temer, porém, valores menores do que Eliseu Padilha. Moreira Franco disse que a delação é mentirosa e que jamais falou sobre política ou sobre doações para o PMDB com Cláudio Melo Filho. O ministro Eliseu Padilha lembrou que não foi candidato a cargos eleitorais em 2014 e afirmou que jamais discutiu arrecadação com quem quer que seja.

Caranguejo – Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, segundo o delator, recebeu R$ 7 milhões para auxiliar nas pautas de interesse da empreiteira na Câmara dos Deputados.

Polo – Jacques Wagner (PT-BA). Ex-ministro de Dilma e ex-governador da Bahia, Jacques recebeu ainda um relógio Hublot modelo Oscar Niemeyer que custa cerca de R$ 80 mil. Segundo o delator, o político foi beneficiado com diversos pagamentos. Somente em 2010 o delator diz que lhe foram destinados cerca de R$ 9,5 milhões.

Ferrari – Delcídio do Amaral (ex-PT-MS). Senador cassado recebeu, após a aprovação de um projeto no Senado sobre alíquotas de ICMS, recebeu R$ 500 mil.

Botafogo – Rodrigo Maia (DEM-RJ). Atual presidente da Câmara dos Deputados foi citado por Melo Filho como o destinatário de R$ 100 mil enviados pela Odebrecht.

Las Vegas – Anderson Dornelles. Fiel assessor de Dilma Rousseff aparece na delação de Melo Filho como destinatário de mesada de R$ 50 mil da empreiteira.

Campari – Gim Argello (PTB-DF). Segundo Melo Filho, ex-senador atualmente preso pela Lava Jato recebeu R$ 1,5 milhão em espécie.

Cerrado, Pequi ou Helicóptero – Ciro Nogueira (PP-PI). Senador recebeu R$ 1,6 milhão da empreiteira, segundo Melo Filho.

Pino ou Gripado – José Agripino Maia (DEM-RN). Senador aparece como sendo beneficiário de R$ 1 milhão que lhe teriam sido destinados pela Odebrecht após pedidos de Aécio Neves. Em nota, Agripino afirmou que desconhece a delação. Aécio Neves ainda não se pronunciou.

Todo Feio – Inaldo Leitão. Ex-deputado teria recebido R$ 100 mil.

Corredor – Duarte Nogueira (PSDB-SP). Prefeito eleito de Ribeirão preto é citado como beneficiário de R$ 350 mil no sistema que a Odebrecht usava para controlar pagamentos não contabilizados.

Gremista – Marco Maia (PT-RS). Deputado aparece em um episódio narrado por Cláudio Melo Filho a investigadores em sua proposta de delação premiada. De acordo com o Buzzfeed, o delator diz que conheceu Maia numa viagem a Nova York em 2011. Os dois se reencontraram algumas vezes até que, em 2014, o deputado lhe pediu ajuda para a campanha. Segundo Melo Filho, dois pagamentos foram feitos ao deputado, somando R$ 1,35 milhão. Maia ainda não se pronunciou sobre as acusações.

Tuca – Arthur Maia (PPS-BA). Deputado aparece como beneficiário de R$ 600 mil. Em sua defesa, diz que doação foi “conforme a legislação”. De acordo com Maia, os valores recebidos à época foram “depositados em conta corrente de campanha, aberta com CNPJ específico para minha candidatura à Deputado Federal”.

Misericórdia – Antônio Brito (PSD-BA). Deputado federal teria recebido R$ 100 mil.

Decrépito – Paes Landim (PTB-PI). Deputado também figura na lista e teria recebido R$ 100 mil em 2010.

Boca Mole – Heráclito Fortes (PSB-PI). Deputado federal recebeu, segundo o delator, R$ 200 mil em 2010.

Kimono – Arthur Virgílio (PSDB-AM). Prefeito reeleito de Manaus teria recebido em 2010, R$ 300 mil da Odebrecht.

Missa – José Carlos Aleluia (DEM-BA). Recebeu, segundo Melo Filho, R$ 300 mil da Odebrecht. O deputado, porém, nega recebimento irregular de qualquer valor e diz que qualquer pessoa pode acessar sua prestação de conta na internet.

Feia – Lídice da Mata (PSB-BA). Senadora consta na planilha como beneficiária de R$ 200 mil.

Velhinho – Francisco Dornelles (PP). Ex-deputado e atual vice-governador do Rio de Janeiro, aos 81 anos, teria recebido R$ 200 mil.

 

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