Michelet, historiador da Revolução Francesa, escreveu que “cada época sonha com a próxima” – frase emblemática que define as expectativas de toda e qualquer sociedade com o seu futuro.
Mas, em Goiás, as coisas são diferentes. Os candidatos que começam a se apresentar para a disputa pelo governo em 2018 dão a entender, pelas suas declarações iniciais, discursos e entrevistas, que preferem sonhar com o passado.
Tudo indica que teremos três candidatos fortes: um da base aliada do governador Marconi Perillo e dois da oposição – um pelo PMDB e outro pelo minúsculo DEM. Em termos de nomes, seriam o atual vice-governador José Eliton, pela base de Marconi; o deputado federal Daniel Vilela, pelo PMDB (ou seu pai, Maguito Vilela); e o senador Ronaldo Caiado, pelo DEM.
Em comum, o que os três mostram? Isso que foi dito acima: prolongar o passado, em um caso, reviver o passado, em outro, ou retornar aos tempos de antanho, no último caso.
José Eliton já avisou que o escopo da sua candidatura é a preservação do legado de Marconi. Daniel Vilela (e pior ainda se for Maguito) propõe restaurar os dias de glória do PMDB no governo de Goiás. E Caiado dispensa palavras e definições, já que é a encarnação perfeita do passado idílico rural e de um Estado desurbanizado que já desapareceu.
Ou seja: na próxima campanha, Goiás corre o risco de perder tempo discutindo qual o melhor passado: o recente, o de 20 anos atrás ou o dos tempos de antanho?
Dias melhores, assim, não virão para os goianos. Melhor esquecer e aproveitar o carnaval para ler “Tudo que é sólido desmancha no ar”, de Marshal Berman e constatar que, para 2018, a aventura da modernidade pode não passar por Goiás.