O relator da Comissão Especial de Inquérito (CEI) da Câmara Municipal que investigou irregularidades nas contas da prefeitura de Goiânia por nove anos, vereador Jorge Kajuru (PRP), cometeu um erro imperdoável na última sexta-feira: no prazo limite para funcionamento da CEI, entregou um relatório de quatro mil páginas e pediu para os colegas aprovarem-no sem ler.
A tropa de choque do prefeito Iris Rezende (PMDB), liderada por Oséias Varão (PSB) – que estava lá para empastelar a comissão, deitou e rolou. Oséias disse considerar “inconcebível” a votação de um relatório com tantas e graves acusações contra Iris e seu antecessor, Paulo Garcia (PT), a toque de caixa. Nervoso, Kajuru afirmou que Oseias é irista e que estava tentando tumultuar a CEI.
A presidente da Comissão, Priscilla Tejota (PSD), pediu a Oséias um “voto de confiança” que permitisse a aprovação ou rejeição do relatório com base apenas em um resumo feito por Kajuru. “Este é um comportamento recorrente de Kajuru. Quando faltam argumentos, desqualifica o oponente”, disse Oséias, que exigiu a leitura do relatório na íntegra.
A solução encontrada por Priscilla foi inteligente: transformou o resumo em relatório e o verdadeiro relatório, em anexo, que não precisaria ser lido. O resto da comissão, incluindo Oséias, engoliu a manobra.