O juiz federal Sérgio Moro ordenou o bloqueio de R$ 4,4 milhões do ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, do milagre econômico da ditadura militar. O valor é referente a uma parte da propina total de R$ 15 milhões que teria sido destinada a Delfim nas obras da usina de Belo Monte.
Nesta sexta-feira, 9, a Polícia Federal e a Procuradoria da República deflagraram a Operação Buona Fortuna, fase 49 da Lava Jato, e fizeram buscas na residência e no escritório do ex-ministro em São Paulo.
O bloqueio atinge contas de Delfim, de seu sobrinho, Luiz Apolonio Neto – também alvo da Buona Fortuna – e de suas empresas de ‘consultoria’. O nome da operação é uma referência a uma das empresas de consultoria de Delfim, a ‘Buona Fortuna’.
A Procuradoria requereu o bloqueio total de R$ 15 milhões de Delfim, Apolonio e as ‘consultorias’, valor ‘correspondente ao total de vantagens indevidas acordadas entre Antonio Palocci Filho (ex-ministro dos Governos Lula e Dilma) e as empresas integrantes do Consórcio Construtor Belo Monte’.
Moro limitou o embargo a R$ 4,4 milhões, valor já rastreado pelos investigadores. “Em que pese o pedido formulado pelo Ministério Público Federal, resolvo limitar, por ora, o montante a ser constrito em relação a Antonio Delfim Netto, Luiz Appolonio Neto, e as empresas de ambos, a R$ 4.444.314,00 que teria sido o montante pago, valores brutos, em cognição sumária, às empresas de ambos pelas empreiteiras participantes do consórcio.”
A propina já rastreada para Delfim foi paga em 7 parcelas – R$ 2.700.000,00 + R$ 160.000,00 + R$ 200.000,00 + R$ 300.000,00 + R$ 720.000,00 + R$ 181.307,00 + R$ 183.007,00.
“O dinheiro (para Delfim) é fruto de fraudes a licitações, cartel, corrupção e lavagem de dinheiro”, disse o procurador da República Athayde Ribeiro Costa.
Segundo o procurador, ‘o dinheiro saiu das empreiteiras Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht e J. Malucelli’.
“Isso mostra o quão grave é a corrupção”, disse o procurador. Ele apontou os ‘efeitos nefastos sobre a população carente e sócioambientais causados pela corrupção nas obras de Belo Monte’.
A investigação aponta que Delfim recebeu os valores por meio de contratos fictícios de consultoria. (AE)