O número de doações efetivas de múltiplos órgãos no Estado saltou de 17, em 2010, para 71, no ano passado – aumentou em mais de 400% nos últimos sete anos, segundo dados da Central Estadual de Transplantes de Goiás.
Esse resultado deve-se, segundo a Central, aos exigentes cuidados aos pacientes em coma e a capacitação para diagnóstico de morte encefálica (ME), em conformidade com a legislação – o que tem proporcionado maior segurança para a realização do diagnóstico.
Os números mais recentes apontam que em 2015 foram registradas 245 notificações para ME. Já em 2017 foram 373. Além disso, no último ano, mais de 30 hospitais notificaram a Central sobre a possibilidade de pacientes em ME. A rede própria de hospitais do Estado tornou-se referência na realização de protocolos para esse tipo de diagnóstico, com destaque para os hospitais da rede de urgência, como Hospital Estadual de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) e Hospital Estadual de Urgências da Região Noroeste de Goiânia Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol).
Para o gerente da Central, Fernando Augusto Ataide Castro, a capacitação de profissionais também proporcionou maior aporte técnico ao diagnóstico de ME. “Essa qualificação tem melhorado a identificação do possível e do potencial doador, bem como a manutenção da viabilidade de captação de um maior número de órgãos para possíveis transplantes”, atesta.
Comparando os primeiros sete meses, de 2017 e de 2018, existe um aumento significativo dos órgãos captados, que saltaram de 91 no ano passado para 149 este ano. Os órgãos mais comumente captados são coração, pulmão, fígado, pâncreas e rim.
Recorde em transplantes renais
Ao ampliar as captações, houve natural crescimento dos transplantes, tanto que em 2017 foi alcançado o maior número de transplantes renais de toda a série histórica (114 transplantes) e o maior número de transplantes de córnea (1.037 transplantes). Por consequência, Goiás tornou-se o maior transplantador de córnea por milhão de habitantes no País.
Segundo Fernando Castro, essa evolução tem promovido o retorno de muitos goianos que se deslocaram a outros Estados buscando o tratamento, que antes era mais demorado. “No início de 2017 esperava-se em torno de dez meses para realizar um transplante de córnea. Hoje, quando muito, após inscrito em lista, o transplante acontece em sete dias”, completou.
O Hospital Estadual Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG) tornou-se a maior unidade transplantadora de rim do Centro-Oeste, em pouco mais de um ano de credenciamento, com mais de 160 transplantes realizados. Apenas de janeiro a julho deste ano, mais de 87% das cirurgias foram feitas no HGG. Pioneirismo em fígado O HGG também realizou o primeiro transplante de fígado de Goiás, no dia 19 de julho deste ano.
“Além de ser um marco da saúde pública de Goiás, esse feito proporciona ao sistema estadual de doação e transplante uma possibilidade de redução do tempo médio entre a autorização familiar e a captação dos órgãos, pois agora não tem de se esperar o deslocamento de uma equipe de outro Estado para a captação”, explica Fernando.