O clima de incerteza criado pelo anúncio do senador e governador eleito Ronaldo Caiado (DEM) de mudar o projeto de lei de convalidação dos incentivos fiscais para aumentar a arrecadação abriu de vez a temporada de debandada de empresas de Goiás. Desde a semana passada, investidores com contratos praticamente fechados com o Governo de Goiás, por meio do Produzir, comunicaram à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (SED) que vão aguardar o desfecho da votação da convalidação na Assembleia Legislativa.
Cumprindo o compromisso firmado com o setor produtivo, o governador José Eliton encaminhou há 10 dias o projeto de convalidação dos incentivos e benefícios fiscais. No texto, o governador propõe a renovação integral dos benefícios sobre o ICMS. No dia seguinte, Caiado disse à coluna Giro que vai propor uma revisão da convalidação. A partir de então, o clima de insegurança jurídica se instalou e a gigante Unilever, que se instalou no Estado em 2006, já anunciou que está encerrando suas operações no Estado para se transferir para o vizinho Minas Gerais.
O Produzir, criado pelo então governador Marconi Perillo em 1999, no primeiro dos quatro mandatos do tucano, catapultou a economia de Goiás, que teve seu PIB multiplicado por 11 vezes, gerou mais de 1,1 milhão de empregos formais e inseriu o Estado na rota da indústria de ponta. O resultado foi um salto da 12ª para a 9ª posição no ranking da produção econômica nacional, sensível crescimento da renda per capita e redução da pobreza. Com a desastrada atuação em relação aos incentivos, Caiado corre o risco de entregar um Estado econômica e socialmente bem mais pobre do que recebeu.