A TV Anhanguera, afiliada da Rede Globo de Televisão em Goiás, decidiu tirar o Estado do noticiário negativo que assola a administração de Ronaldo Caiado (DEM) e toma conta da cobertura da imprensa local. A direção e os editores da emissora goiana, que está na lanterna da audiência das 27 capitais, mandam para a emissora mãe apenas o falatório de Caiado, que fala sobre os problemas do Estado como se não fossem seus e ele não estivesse no comando há 15 dias.
O espaço diário a que afiliada tem direito nos telejornais nacionais da Globo é quase inteiramente dedicado ao calvário do preso João de Deus, assunto que perdeu força e rende matérias requentadas da Anhanguera para Globo, com informações apuradas por terceiros. Quando aparece, Caiado é apresentado como novidade, como se estivesse resolvendo os problemas e governando. Quiseram os servidores e a população que assim fosse.
Enquanto isso, as outras afiliadas seguem fazendo o bom jornalismo, mostrando a realidade enfrentada por governadores novos ou reeleitos como ela é. No Rio de Janeiro, a emissora mãe, que é carioca, mostra que o governador Wilson Witzel (PSC) não consegue contornar a grave crise do sistema estadual de saúde, classificada nesta noite como “a pior da história” pelo Jornal Nacional, principal jornalístico da emissora.
No Rio Grande do Sul, a RBS mostra o drama enfrentando por servidores com salários e 13.º atrasados, em reportagens em que o governador eleito Eduardo Leite (PSDB), que derrotou o antecessor Ivo Sartori (MDB), é cobrado diariamente a resolver. No Ceará, o governador reeleito Camilo Santana (PT) enfrenta entrevistas duríssimas da TV Verdes Mares para explicar o que fará para resolver a onda de violência que assola o Estado.
Por essas e outras que a audiência cai assustadoramente.