A presidência da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção de Goiás é um cargo que tem a ver com a representação de uma das classes profissionais mais numerosas do Estado, cuja base de trabalho é o primado da lei e da ética.
Mas, em se tratando de OAB, a questão corporativa da profissão não é o único a considerar: a entidade, seja no país, seja no Estado, tem uma tradição de zelo pelos interesses da sociedade e, assim, assume uma importância institucional muito mais ampla.
Por isso, não é agradável assistir ao espetáculo da campanha eleitoral com vistas à eleição direta do novo presidente da OAB-GO, que se dará em 27 de novembro próximo, sendo tomada por ações de propaganda que geram suspeição sobre a sua regularidade e moralidade.
Valendo-se de um artifício, ou seja, atribuindo a iniciativa a um grupo de amigos, o candidato Lúcio Flávio Paiva lançou um site na internet para promover o seu nome. O site tem produção de agência de publicidade e veicula todas as propostas da campanha de Lúcio Flávio, que se apresenta, já na home-page, na primeira pessoa – “Eu, você e todos…”.
O atual presidente da Ordem dos Advogados em Goiás, Enil Henrique, também está sendo questionado, por pagar, com recursos da entidade, inserções publicitárias nas rádios CBN Goiânia e Interativa, nas quais fala de viva voz, depois de se apresentar, prometendo valorizar os advogados.
Especialistas eleitorais ouvidos pelo site noticioso A Redação confluíram para uma opinião unânime: as iniciativas desses dois candidatos – Lúcio Flávio e Enil Henrique – são irregulares, desrespeitam o ordenamento eleitoral da OAB (que só permite propaganda ostensiva dos candidatos após o registro das chapas, o que se dará em época mais próxima da eleição) e sobretudo configuram a possibilidade de um questionamento moral: quem quer ser presidente de uma instituição tão importante quanto a Ordem dos Advogados pode lançar mão desses artifícios e macular o seu nome e a sua postulação?