Tem sido observada, nos últimos dias, uma onda de notas em colunas econômicas da imprensa nacional sugerindo que o preço a ser pedido pela Celg, no leilão de privatização, em torno de R$ 2,8 bilhões, seria elevado demais e não atrairia o interesse dos grandes investidores.
Nesta terça mesmo, a coluna Giro, em O Popular, repercute inocentemente uma dessas notinhas, que saiu no portal da revista Veja, onde se afirma que “investidores pedem redução no preço mínimo (R$ 2,8 bilhões) da companhia goiana”. Segundo a Veja, “os R$ 2,8 bilhões pedidos pela Eletrobras são considerados inflados, especialmente considerando a miríade de problemas envolvendo a concessão, e não atraem compradores. Por esse valor, empresas dadas como candidatas naturais ao negócio e com apetite por aquisições, como CPFL e Equatorial, ficam de fora. ‘Nesse preço, se entrar alguém, só chinês’, resume um empresário”, acrescenta a revista.
É bom saber, leitor: tudo isso não passa de falácia.
O que está em curso é uma óbvia tentativa de desvalorização da Celg, para facilitar a sua aquisição pelos grupos interessados – que, ao contrário do que sugere a plantação de notícias, é muito grande, já que a empresa se constitui na gema da coroa das companhias elétricas a serem privatizadas neste ano.
Observe ainda, leitor, na nota da revista Veja um detalhe interessante: “Se entrar alguém, só chinês”. A sugestão é óbvia: os chineses seriam ingênuos se aceitassem pagar o que está sendo pedido pela Celg, quando, na verdade, o que ocorre é justamente o contrário: são da China os investidores com maior poder de compra para uma operação da envergadura exigida pela Celg. Ou seja: além de tentar desvalorizar a empresa, trabalha-se também para espantar os chineses do negócio, insinuando que eles podem estar cometendo um erro de avaliação ao mostrar o forte interesse que, de fato, já evidenciaram pela Celg.
Em linguagem popular: a Celg é filé. E a manobra para baixar o seu preço, usando o prestígio de veículos da imprensa nacional, é uma malandragem. E pode anotar mais uma, leitor amigo: a Celg será comprada por investidores chineses, que têm uma ética diferente para os negócios e vão pagar o que a empresa vale.