No dia em que o Brasil gritou contra a corrupção e foi às ruas pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff, cerca de 60 mil goianos marcharam desde a praça Tamandaré até a sede da Polícia Federal, no setor Serrinha, colorindo a cidade de verde e amarelo. A maioria dos políticos favoráveis ao afastamento de Dilma participou do protesto ao lado da população, à exceção de um: o senador Ronaldo Caiado (DEM), que preferiu erguer os punhos e esbravejar a mais de 3.000 km daqui, em São Paulo.
Esta foi a quarta vez que Caiado abandonou os goianos para cerrar fileiras com os paulistas. O senador, que padece de megalomania crônica, pensa que Goiás é pequeno demais para ele. Trata o Estado como um curral eleitoral que renova os seus mandatos a cada quatro anos, mas que não está à altura da sua genialidade.
É verdade que os protestos de Goiânia não se comparam aos de São Paulo em termos numéricos. Aqui fala-se em poucos milhares. Foram 60 mil desta vez. Na avenida Paulista, a escala sobe para os milhões. Mas foram os goianos que elegeram Caiado. Ele não tem o direito de menosprezar assim o povo que lhe deu o mandato. A sua obrigação é de estar ao lado do povo goiano nos momentos mais delicados que o Brasil enfrenta.
O protesto deste domingo mostrou que Caiado esqueceu quem ele tem o dever de representar. E não foi a primeira vez: este foi o quarto protesto em que ele e sua família pegaram um avião e saíram à caça dos holofotes da imprensa de São Paulo. Por que ele não tenta se eleger por lá? Por que não dá um basta neste oportunismo doentio?